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Família rejeita R$ 1,2 milhão e fica isolada em rodovia

No distrito de Jinxi, na China, uma família protagonizou uma história que toca em questões de resistência e desapropriação. Após muita luta, decidiram deixar a casa que virou um símbolo de persistência no meio de uma rodovia recém-inaugurada.

Huang Ping, o proprietário, teve a oportunidade de aceitar cerca de R$ 1,2 milhão como compensação do governo, mas não se sentiu satisfeito com a oferta e preferiu recusar. Assim, apesar de ver seus vizinhos deixando a área, ele optou por permanecer em sua casa, mesmo quando o ambiente se tornava cada vez mais isolado e barulhento.

Com a rodovia em operação, a falta de isolamento acústico transformou a casa em um local inabitável. O barulho constante dos veículos a fez ser abandonada, fazendo com que aqueles que antes resistiam decidissem sair.

A casa que virou símbolo e ganhou apelido

A residência, chamada de Olho de Jinxi, ganhou esse curioso nome porque, vista de cima, lembra um olho solitário no meio do asfalto. A história da casa teve um grande destaque na mídia internacional, especialmente quando imagens dela cercada por concreto e tráfego começaram a representar a luta de pessoas que não querem sair de suas propriedades.

Na China, esse fenômeno é conhecido como “casas de pregos”, uma expressão que simboliza a dificuldade de desapropriação, como um prego que é difícil de arrancar.

Proposta recusada e arrependimento posterior

Huang Ping decidiu rejeitar a compensação porque as condições de pagamento, que seriam feitas em duas parcelas, não o satisfizeram. Mesmo após ver a área ao redor ser demolida e a rodovia avançar, ele manteve sua resistência. Com o passar do tempo, ele acabou se arrependendo de não ter aceitado a oferta inicial.

Infelizmente, após recusar essa compensação, o prazo expirou e o governo não ofereceu novas propostas nas mesmas condições.

Quando o tráfego começou, o barulho venceu

Uma vez que a rodovia ficou em funcionamento, a vida na casa se tornou insustentável. O tráfego intenso, com caminhões passando a poucos metros, trouxe um estresse insuportável para a família. O barulho e a vibração constante tornaram a rotina diária quase impossível.

À medida que o tempo passava, sinais de abandono começaram a aparecer, como janelas quebradas e mato alto, chamando a atenção dos que passavam.

Família deixa o imóvel e muda de cidade

A mídia chinesa informou que Huang e sua família decidiram alugar uma nova casa em uma cidade próxima. Essa mudança foi um esforço para se afastar do barulho e da insegurança que sentiam ali. Até agora, não há informações claras sobre o que acontecerá com a propriedade desocupada ou se ela será demolida.

Indenização menor do que a oferta inicial

Ao deixar sua casa sem um novo acordo, Huang agora só terá direito a uma quantia muito menor do que os R$ 1,2 milhão que inicialmente poderia receber. O montante concretamente oferecido não se materializou porque a proposta expirou.

O que diz a legislação chinesa sobre realocações

Nos últimos anos, a China estabeleceu regras para proteger os moradores durante desapropriações por obras públicas. Essas normas proíbem violências nos despejos e garantem compensações justas.

Entretanto, o que se vê na prática é que ainda surgem muitos casos de “casas de pregos”, quando as pessoas contestam o valor ou as condições de indenização.

Por que casos como o de Jinxi se repetem

Conflitos em desapropriações geralmente giram em torno de três pontos. Primeiro, a avaliação do imóvel, com proprietários muitas vezes sentindo que seus imóveis são subestimados. Em segundo lugar, temos a forma de pagamento, que pode ser complicada e não atender às necessidades de quem está sendo deslocado. Por fim, o tempo de negociação se torna um fator delicado, já que as obras têm cronogramas apertados que dificultam diálogos mais longos.

Impacto humano do isolamento

Enquanto a imagem da Olho de Jinxi se espalhava como um símbolo, a realidade da família era bem diferente. Eles enfrentaram ruídos constantes, preocupação com acidentes e o desgaste emocional de viver em um lugar que antes foi seu lar, mas que se transformou em um cenário caótico.

A decisão de alugar uma nova casa demonstra a busca por um pouquinho de tranquilidade e previsibilidade em suas vidas.

O que permanece em aberto

Ainda há muitas incertezas sobre o futuro, como a data exata em que a família deixou a casa ou qual será o valor final que receberão. Também não se sabe se a estrutura será removida ou se adaptará ao novo traçado da rodovia. Normalmente, as autoridades consolidam essas situações após o fim de conflitos e formalizações de indenização, etapas que muitas vezes não são transparentes.

Termo “casa de pregos” e o debate sobre progresso

O termo “casa de pregos” se popularizou na China para referir-se a residências que permanecem em pé em meio a grandes obras. Essa questão levanta um debate importante: como equilibrar os interesses públicos com garantias de compensação justa?

No caso de Jinxi, a resistência não se traduziu em vitória, pois a condição de vida da família se tornou insuportável. Ao final, a saída deles mostrou que o preço de permanecer ali superou o valor simbólico da luta.

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