Renato Freitas enfrenta processo de cassação após ato em mercado

Na última sexta-feira (27), os deputados estaduais Ricardo Arruda (PL) e Tito Barichello (União Brasil), além dos vereadores de Curitiba Bruno Secco (PMB) e Guilherme Kilter (Novo), protocolaram denúncias contra o deputado Renato Freitas (PT) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). As denúncias pedem a perda do mandato de Freitas por quebra de decoro parlamentar. O motivo é um protesto realizado pelo deputado em um supermercado de Curitiba, na quarta-feira (25).
Renato Freitas participou de uma manifestação em razão da morte de Rodrigo da Silva Boschen, um jovem de 22 anos. Segundo informações, Rodrigo teria sido agredido por quatro homens, incluindo dois funcionários do supermercado, após ser acusado de furtar produtos no local. O corpo do jovem foi encontrado em uma rua próxima. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Paraná.
No ato de protesto, Renato Freitas utilizou um megafone para dialogar com clientes e funcionários do supermercado, interrompendo o funcionamento dos caixas por cerca de 15 minutos. Durante o protesto, ele afirmou que o objetivo era trazer à tona a dor da família de Rodrigo, exclamando: “Não estamos fazendo teatro, não estamos em eleição para ganhar votos. É que tem um corpo no caminho, tem sangue no produto, tem uma mãe de luto na fila”.
Na representação, Tito Barichello destacou que os atos de Renato Freitas caracterizam abuso de prerrogativas parlamentares. Bruno Secco acrescentou que, embora o tema do protesto seja sensível, a abordagem do deputado extrapolou os limites e causou constrangimento aos clientes e trabalhadores do supermercado.
As quatro representações foram enviadas à Corregedoria da Alep e poderão ser reunidas em uma única apuração, visto que tratam do mesmo assunto.
Em resposta, Renato Freitas chamou os parlamentares que apresentaram as denúncias de “hipócritas”, argumentando que eles não estavam lá para protestar e criticando a forma como eles estão tratando a situação, tentando desviar a atenção do crime praticado contra o jovem.
Fora da Alep, o vereador Rodrigo Marcial (Novo) também se manifestou e propôs que o Ministério Público do Paraná seja acionado para investigar Renato Freitas por possível prática de sabotagem durante o protesto no supermercado. Marcial alegou que Freitas estava visivelmente alterado e usou força para impedir o funcionamento normal do local.
Essa não é a primeira vez que Renato Freitas se envolve em polêmicas. Desde sua carreira política, ele acumulou diversos episódios controversos. Antes de ser vereador, foi preso pela Guarda Municipal por desacato, teve conflitos com guardas em outras situações e foi flagrado pichando um supermercado. Também foi detido por obstrução durante uma abordagem policial e, em 2021, teve o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar após invadir uma igreja. Apesar disso, o Supremo Tribunal Federal restabeleceu seu mandato, permitindo que ele se candidatasse a deputado estadual.
Em 2023, Freitas enfrentou um boletim de ocorrência por ameaçar um deputado e foi retirado de um voo por se recusar a passar pela revista da Polícia Federal. Seus comentários dirigidos ao então presidente da Alep, Ademar Traiano, resultaram em uma condenação pelo Conselho de Ética, embora a representação tenha sido arquivada posteriormente. Recentemente, uma nova representação por quebra de decoro foi apresentada por Tito Barichello, em decorrência de uma ofensa a outros parlamentares e uma agressão a um assessor.