Magazine Luiza não irá competir com frete baixo e grátis, afirma CEO

Magazine Luiza Enfrenta Desafios e Adota Nova Estratégia Fiscal
O presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, participou de uma teleconferência nesta sexta-feira (8) para discutir os recentes resultados financeiros da empresa. Durante a conversa com analistas, Trajano destacou o esforço do grupo em controlar suas despesas operacionais, mesmo diante de um cenário econômico desafiador, marcado pela taxa de juros elevada de 15% ao ano. Esses fatores têm impactado alguns indicadores financeiros da companhia.
No segundo trimestre deste ano, o Magazine Luiza registrou uma queda de 0,6% nas vendas totais, totalizando R$ 15,6 bilhões em comparação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, a empresa enfrentou um prejuízo líquido de R$ 24,4 milhões, revertendo o lucro de R$ 23,6 milhões alcançado um ano antes. As expectativas do mercado eram de uma perda menor, estimada em R$ 22,7 milhões.
Trajano informou que a companhia está focada em controlar aquilo que está sob sua gestão. Ele citou que, no período, a empresa obteve um caixa operacional de R$ 497 milhões e conseguiu reduzir em R$ 150 milhões seus estoques, através de estratégias de queima de produtos. O executivo ressaltou a importância da monetização de estoques para a saúde financeira do grupo.
Em relação às despesas operacionais, o percentual ajustado em relação à receita líquida foi de 23,1%, uma leve queda de 0,3 pontos percentuais em comparação com o ano anterior. A empresa adotou uma estratégia de queimar produtos adquiridos a um custo maior, optando por novos estoques com preços mais baixos.
Os estoques foram reduzidos em R$ 151 milhões no consolidado e em R$ 348 milhões na controladora, afetando a margem de mercadorias. A margem bruta da empresa caiu para 30,5%, uma diminuição de 0,4 pontos na comparação com o mesmo período de 2024. Essa variação está ligada, principalmente, a uma leve redução na margem, influenciada pelo sucesso das campanhas de liquidação de meio de ano.
Ainda segundo Trajano, as liquidações tiveram um desempenho considerado bom, com um crescimento de um dígito médio, sendo junho um mês especialmente positivo.
O executivo também afirmou que, se não fosse o ecossistema de marcas e serviços do grupo, que inclui logística e publicidade, os efeitos da taxa de juros seriam ainda mais negativos. Ele reiterou a força do modelo de negócios da empresa, que combina vendas de produtos próprios e de terceiros, além da presença das lojas físicas, o que proporciona compensações em tempos difíceis.
Trajano anunciou planos de inauguração de lojas para todas as marcas do grupo, incluindo Netshoes e Kabum, embora não tenha fornecido muitos detalhes sobre esses projetos. Essas novas lojas estarão localizadas na Galeria Magalu, no Conjunto Nacional, ampliando a presença das diversas marcas da companhia.
Em um contexto de crescente competição, os concorrentes Mercado Livre e Shopee lançaram ações agressivas, como a oferta de frete grátis para compras acima de R$ 19. Esta estratégia impactou as despesas do Mercado Livre, que, no entanto, registrou um aumento de 34% nas vendas no Brasil após a implementação da promoção.
Frederico Trajano fez questão de enfatizar que o Magazine Luiza não se envolverá em uma guerra de preços, afirmando que “não vamos entrar em guerra de frete baixo e frete grátis”. Ele destacou a importância de manter uma margem de contribuição positiva, sugerindo que a empresa tem a disciplina necessária para focar em sua estratégia, mesmo diante dos desafios do mercado.
No fornecimento de dados financeiros, o grupo revelou que escolheu priorizar sua margem em detrimento do crescimento nas vendas. A margem Ebitda subiu 0,2 pontos, alcançando 7,5%. A empresa também provisionsou R$ 26 milhões em devedores duvidosos após uma mudança na metodologia de contabilização, refletindo ajustes necessários em sua contabilidade.