Todo o ouro extraído caberia em um cubo de 22 metros

É incrível pensar que todo o ouro já extraído pela humanidade, em milhares de anos, cabe dentro de um cubo com apenas 22 metros de lado — algo parecido com a altura de um prédio de sete andares. Por mais que essa quantidade pareça modesta levando em conta o papel do ouro na formação de impérios, guerras e na economia atual, é justamente essa escassez que torna o ouro tão desejado e valioso.
Estudos indicam que a quantidade total de ouro minerado até hoje é de 216.265 toneladas. Esse número impressionante parece enorme, mas, ao olhar para o volume físico que representa, a quantidade parece bem menor.
Ouro: a escassez que sustenta seu valor por milênios
Ao contrário de outros recursos naturais, o ouro não pode ser criado em laboratório ou fabricado em larga escala. Ele é finito e a extração se torna cada vez mais complexa e dispendiosa. Essa escassez física é uma das razões pelas quais o ouro mantém um valor estável ao longo do tempo, tornando-o um dos ativos mais confiáveis da nossa história.
Se a gente juntasse todo o ouro do mundo, retirado desde as primeiras civilizações, ele ainda caberia em um prédio comercial. Mesmo assim, o ouro movimenta trilhões de dólares no mercado global.
Montante considerado: apenas ouro minerado de forma oficial e legalizada
É importante frisar que esses dados se referem somente ao ouro extraído de forma legal e registrada. Isso significa que não estão incluídas as quantidades de mineração ilegal ou não declarada, que existem em muitos lugares do mundo, especialmente em áreas de garimpo informal.
Assim, embora o volume de 216.265 toneladas seja um valor amplamente aceito, ele pode não refletir o total real de ouro que circula, já que atividades não regulamentadas ainda são bem comuns.
Curiosamente, mesmo com mais de 6.000 anos de uso, aproximadamente dois terços de todo o ouro já minerado foram retirados do solo somente nas últimas sete décadas. Essa grande produção se deve a avanços tecnológicos em mineração e processamento, à expansão do mercado financeiro que passou a ver o ouro como um ativo de proteção e ao aumento na demanda do ouro na indústria eletrônica, joalheria e investimentos.
A corrida pelo ouro ficou mais intensa, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos se firmaram como uma grande potência e a padronização de reservas internacionais começou a se basear em metais preciosos.
Onde está o ouro do mundo? Distribuição por usos e localizações
De acordo com dados do World Gold Council, o ouro extraído se distribui em quatro categorias principais:
- Joalheria: cerca de 46% do total está na forma de joias.
- Reservas oficiais de governos e bancos centrais: 17%.
- Investimentos (barras, moedas, ETFs): 21%.
- Uso industrial e outros: 16%.
Além disso, países como África do Sul, China, Rússia, Austrália e Estados Unidos lideram na extração e possuem as maiores reservas conhecidas.
O Brasil também tem um papel significativo, com jazidas auríferas importantes em Minas Gerais, Pará e Mato Grosso, contribuindo de forma relevante para o mercado global.
A mineração de ouro hoje: desafios e impactos
Mesmo com seu valor econômico, a mineração de ouro não está livre de críticas. A extração pode ter um grande impacto ambiental e gera um alto consumo de água. Adicionalmente, substâncias tóxicas como mercúrio e cianeto são utilizadas, especialmente em garimpos ilegais, o que levanta preocupações sérias.
Para lidar com isso, algumas empresas têm investido em práticas mais sustentáveis e na rastreabilidade do ouro, influenciadas pela crescente pressão por iniciativas que consideram a governança ambiental, social e corporativa (ESG).
Entretanto, a mineração artesanal e ilegal continua sendo um grande desafio, trazendo à tona problemas ambientais e sociais, especialmente em regiões remotas.
Por que o ouro continua sendo uma reserva de valor?
O ouro possui características que o tornam um dos ativos mais seguros:
- Durabilidade: não se degrada, não enferruja e é fácil de moldar.
- Alta liquidez: pode ser trocado por moeda em praticamente qualquer lugar do mundo.
- Resistência a crises: em tempos de instabilidade, tende a se valorizar.
- Oferta limitada: como já vimos, seu estoque cabe em um cubo de 22 metros.
Essas qualidades fazem com que o ouro seja utilizado por bancos centrais, investidores e países como proteção contra a inflação e desvalorizações.
Além do seu valor financeiro, o ouro representa poder, estabilidade e herança cultural. Desde as riquezas do Egito antigo até os sistemas econômicos do século XX, ele sempre esteve associado à opulência e prestígio. Sua escassez extrema reafirma sua condição como um ativo valioso no cenário econômico. Mesmo com o crescimento das criptomoedas, o ouro permanece especial na estratégia financeira de muitas pessoas ao redor do mundo.
Dizer que todo o ouro da humanidade caberia em um cubo de apenas 22 metros de lado é um lembrete do seu valor, que transcende a mera quantidade física. Como joia, moeda ou símbolo de status, o ouro continua a ser uma base sólida na economia global.