Notícias

Superquarta: juros do BC e Fed em meio ao aumento de tarifários

Nesta quarta-feira (30), autoridades monetárias dos Estados Unidos e do Brasil anunciarão suas decisões sobre as taxas de juros, em meio ao aumento na tarifa de produtos que o ex-presidente Donald Trump espera implementar na próxima sexta-feira (1º).

Os analistas do mercado não esperam grandes surpresas. No Brasil, a previsão é que a Selic permaneça em 15%, e nos Estados Unidos, que o Federal Reserve mantenha os juros entre 4,25% e 4,5%. O foco agora está nos comunicados que virão dos dois comitês. O Fomc (Federal Open Market Committee) nos EUA deve oferecer indícios sobre possíveis cortes de juros nas próximas reuniões, enquanto o Copom (Comitê de Política Monetária) no Brasil deve sinalizar o fim do ciclo de alta da Selic, mas com a possibilidade de novos aumentos caso a situação econômica interna ou internacional exija.

Nos Estados Unidos, a expectativa é que os juros possam ser reduzidos em 0,25 ponto percentual já em setembro, com uma nova pausa prevista para outubro. As taxas ao final do ano podem ficar entre 3,75% e 4%, segundo projeções do mercado. Essa previsão é impulsionada pelo avanço nas negociações comerciais entre os EUA e seus parceiros, como a União Europeia e o Japão, e também pela inflação relativamente controlada até o momento. Contudo, a possibilidade de um aumento repentino da inflação devido a novas tarifas ainda causa apreensão entre os membros do Fomc, que preferem agir com cautela para não repetir erros passados.

No Brasil, a iminente elevação de tarifas sobre produtos nacionais exportados para os EUA, prevista para 1º de agosto, traz incertezas para a economia local. Apesar das projeções apontarem um impacto moderado no PIB, setores específicos podem ser severamente afetados, o que, por sua vez, pode reduzir a confiança do setor privado em investir e consumir. O governo federal e os estaduais projetam medidas compensatórias, como créditos subsidiados, para mitigar os efeitos negativos.

Se a tensão entre Brasil e EUA aumentar, o risco de retaliações pode se agravar, o que geraria efeitos mais amplos na economia. Em relação à inflação, o aumento nas tarifas pode provocar uma redução nos preços internos em alguns casos, mas a instabilidade cambial e a incerteza fiscal podem complicar ainda mais o cenário.

Analistas do JP Morgan destacam que qualquer decisão do Banco Central que não mantenha os juros em 15% seria inesperada. A expectativa é que o Copom confirme a interrupção do ciclo de aumento nesta reunião. Atualmente, o Banco Central manifesta uma política monetária rigorosa para atingir a meta de inflação de 3% ao ano.

Caso as previsões do mercado se concretizem, a próxima redução da Selic só deve acontecer em março de 2026, na segunda reunião do ano, reduzindo a taxa para 14,5%. Para muitos empresários brasileiros, como o CEO da MA7 Negócios, André Matos, a principal questão é até quando o Banco Central manterá os juros altos. Ele alerta que juros elevados, mesmo com uma inflação em queda, geram um descompasso econômico perigoso.

Na mesma linha, João Kepler, CEO da Equity Group, enfatiza a necessidade de previsibilidade para investidores, afirmando que a Selic alta prolongada prejudica a criação de valor e afeta o financiamento das empresas.

O momento atual é crucial, e o discurso das autoridades monetárias será fundamental para direcionar as expectativas do mercado e da população.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo