Professora aposentada embarca em cruzeiro de 3 anos e meio

Aos 64 anos, Sharon Lane se viu em um momento de transformação. Depois de ensinar línguas estrangeiras por décadas em Los Angeles, ela decidiu que queria algo completamente diferente. Em vez de se aposentar em um lar tranquilo, Sharon sonhava em viver a bordo de um cruzeiro.
Após muitos anos pesquisando e comparando opções, ela finalmente encontrou o navio dos seus sonhos. Em junho deste ano, aos 77 anos, ela embarcou no Odyssey, um cruzeiro da Villa Vie Residences que oferece a possibilidade de morar permanentemente no mar. O navio partiu de Belfast em outubro do ano passado e está em uma viagem de três anos e meio, passando por 425 portos em 147 países.
A comunidade do Odyssey
O programa Endless Horizons oferece uma forma única de viver e viajar ao mesmo tempo. Nele, os passageiros podem comprar, alugar ou arrendar cabines vitalícias. Para Sharon, essa foi uma oportunidade de unir suas paixões: o oceano e a liberdade.
“Se eu pudesse morar em um navio, ainda poderia viajar, mas sem as complicações dos aeroportos, pensei”, contou Sharon, do convés do Odyssey. Ela também se interessou pelo programa Golden Passport, que oferece cabines com preços adaptados à faixa etária. Para quem tem entre 75 e 79 anos, a partir de US$ 189.999 é possível garantir a estadia vitalícia a bordo.
Um investimento diferente
Enquanto muitos aposentados buscam imóveis, Sharon escolheu investir em sua própria experiência de vida. “Gastar o mesmo dinheiro em um apartamento seria um investimento financeiro, mas isso é um investimento na minha vida”, disse ela. Os amigos não ficaram surpresos com a decisão. Conhecida por levar alunos à Europa, Sharon sempre foi vista como uma aventureira. “Eles acharam a ideia perfeita para mim”, contou, com um sorriso no rosto.
O que realmente a atraiu foi a vida em alto-mar. “Adoro o oceano, o som das ondas e o cheiro de sal. Todos aqui compartilham esse sentimento”, ressalta.
Adeus à rotina terrestre
Quando o contrato de aluguel do seu apartamento terminou, Sharon despachou tudo que tinha em 19 caixas e quatro malas. O que não coube na nova vida, ela vendeu. Para ela, essa mudança foi uma chance de simplificar a vida. “Há dez anos, viver em um cruzeiro parecia um luxo inatingível. Hoje, finalmente, é acessível para pessoas de renda média”, refletiu.
Uma rotina diferente — e confortável
A vida no Odyssey é bem diferente da rotina em terra. Existe uma equipe trabalhando 24 horas por dia para cuidar das refeições, limpeza, manutenção e até serviços médicos. “Eles cuidam até para que as TVs funcionem. Não esperam que algo quebre, contou Sharon, rindo.
Ela admite que há coisas que sente falta. Não poder ir ao supermercado nem a um restaurante preferido é uma delas. “O que mais sinto falta é da pipoca. Aqui não posso preparar quando quero, mas pelo menos não preciso cozinhar”, brincou.
Leitura, amigos e descobertas no cruzeiro
Uma das grandes vantagens desse novo estilo de vida é a biblioteca do navio. “Já estou há três meses a bordo e já li 18 livros”, compartilhou. Desde que embarcou, o Odyssey já navegou pela Europa, Caribe, América Central e América do Norte. A primeira travessia oceânica que Sharon fez foi rumo ao Japão, e agora ela se prepara para a chegada à África do Sul, onde morou por dois anos.
A bordo, os passageiros participam de palestras sobre cada porto e formam uma comunidade que troca informações valiosas. “Sempre tem alguém que já esteve em cada destino e dá dicas úteis”, contou.
Morar em um cruzeiro? Um novo conceito de moradia
Embora o conceito de cruzeiro residencial seja novo, ele vem conquistando muitos adeptos. Kathy Villalba, CEO da Villa Vie, explica que a ideia é criar “uma verdadeira comunidade no mar”. O Golden Passport foi pensado para tornar esse estilo de vida acessível a uma variedade de pessoas, permitindo explorar 150 países em sete continentes.
Sharon vê essa experiência como muito mais que uma viagem; é uma escolha de vida. “Alguns acham que isso é uma residência assistida, mas não é. É como viver em um condomínio — só que cercado por uma vastidão de água”, resume.
“É a nossa vez”
Hoje, Sharon vive o que sempre sonhou: uma rotina sem tarefas domésticas, cercada por amigos e pelo vasto mar. “Isso é algo que você faz por si mesma. Já era hora de algumas pessoas fazerem coisas por si mesmas. É a nossa vez”, reflete, olhando para o horizonte azul que agora é seu lar.



