MLK Files: tudo o que sabemos até agora

Documentos sobre Martin Luther King Jr. São Liberados Após Décadas de Sigilo
Na segunda-feira, a administração do ex-presidente Donald Trump liberou documentos que estavam selados sobre a vigilância do FBI ao icônico líder dos direitos civis, Martin Luther King Jr. Esses arquivos, que somam mais de 240 mil páginas, estavam guardados em instalações do governo federal e nunca haviam sido digitalizados.
De acordo com a declaração do escritório do Diretor de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, os documentos ficaram acumulando poeira por décadas antes de serem tornados públicos. Desde que as informações foram disponibilizadas pelo Arquivo Nacional, especialistas comentaram que os arquivos não parecem conter revelações significativas sobre a vida ou a obra de King.
Os arquivos incluem memorandos internos do FBI que detalham a investigação sobre o assassinato de King em 1968, além de documentos relacionados a James Earl Ray, o homem condenado pelo crime. As páginas são principalmente impressas em preto e branco e apresentam alguns documentos em cores, incluindo transcrições de grampos telefônicos e vigilância eletrônica.
David Garrow, um historiador e autor de uma biografia premiada sobre King, observou que os registros trazem uma visão interessante das táticas do FBI para monitorar o líder dos direitos civis, mas não trazem informações que mudem a percepção pública sobre sua importância. Ele também indicó que a leitura dos documentos pode ser complexa, tornando necessário um entendimento específico sobre as práticas de organização do FBI.
A família King criticou a liberação dos arquivos e pediu que o público interpretasse os registros dentro de um contexto histórico mais amplo. Bernice King e Martin Luther King III afirmaram que, durante a vida de seu pai, ele foi alvo de uma campanha de desinformação e vigilância conduzida por J. Edgar Hoover, então diretor do FBI.
Além disso, a família recebeu acesso antecipado aos documentos e negou que Ray tenha sido o único responsável pela morte de King. Em seu comunicado, eles ressaltaram o apoio à transparência, mas se opuseram a qualquer tentativa de desacreditar o legado de seu pai, alertando que a divulgação pode ser usada para espalhar inverdades.
Por outro lado, Alveda King, sobrinha de Martin Luther King Jr. e uma figura conservadora, expressou sua gratidão à administração Trump pela liberação dos arquivos, chamando-a de um ato de transparência.
Os documentos revelam que o FBI perseguiu King e seus associados durante todo o Movimento dos Direitos Civis, buscando minar suas ações por meio de informações que pudessem prejudicar sua imagem, incluindo supostas ligações com o Partido Comunista.
O FBI já havia liberado memorandos que tentavam vincular King a influências comunistas e alegações de impropriedades financeiras na organização que ele liderava, a Southern Christian Leadership Conference. Garrow ressaltou que é importante considerar a origem das informações, já que algumas foram escritas de maneira tendenciosa para ocultar dados que poderiam vazarem.
Os arquivos estavam inicialmente programados para permanecer em segredo até 2027, mas Trump assinou uma ordem executiva em janeiro, autorizando sua desclassificação e divulgação.
A liberação dos arquivos acontece em meio a críticas à administração Trump sobre a transparência relacionada ao caso do falecido Jeffrey Epstein e a sua operação de tráfico sexual envolvendo menores. O impacto da liberação dos documentos de King na administração é objeto de debate entre especialistas, com alguns afirmando que não há relação com os problemas enfrentados pela administração em relação a Epstein.
Bernice King, após a publicação dos documentos, pediu maior transparência sobre os arquivos de Epstein, sugerindo que, após a liberação dos documentos de seu pai, a pressão pela divulgação desses registros deveria ser aumentada.