Jovem troca moto nova por carro e dívida explode para R$ 60 mil

No ano passado, o Brasil viveu um aumento expressivo no mercado de financiamentos de veículos. Foram mais de 7,2 milhões de automóveis, motos e caminhões vendidos através de crédito, o que representa um crescimento de 20,4% em comparação a 2023. Essa alta é reflexo de muitos brasileiros embarcando na busca pelo carro próprio ou optando por motos como meio de transporte e possibilidade de renda.
Apesar desses números animadores, há um lado menos feliz dessa história. Muitas pessoas estão enfrentando arrependimentos e dificuldades financeiras que surgem com a decisão de financiar um veículo.
O sonho que virou pesadelo
Um relato que tem circulado nas redes sociais é o de um jovem do canal Telinho Alegre. Ele decidiu realizar o sonho de comprar um carro, um Prisma 2015, após trocar uma moto zero, que estava quase quitada. O que parecia uma boa ideia, logo se transformou em um problema financeiro.
Ao financiar aproximadamente R$ 36 mil, usando a moto como entrada, ele viu o valor das prestações saltar para R$ 60 mil devido aos juros. O resultado? Parcelas mensais de R$ 1.733, que superam o salário mínimo. O jovem admite que se deixou levar pela emoção e pelo status do novo carro. “Quis dar um passo maior que a perna”, disse ele.
A conta que não fecha
A situação começou a piorar quando problemas de saúde o afastaram do trabalho, reduzindo sua renda de R$ 4 mil mensais. Para tentar se manter, passou a trabalhar como motorista de aplicativo. No entanto, a realidade foi desafiadora: em sua cidade, o Uber não rende o suficiente, e as ruas esburacadas só aumentam os custos de manutenção do carro.
Além das parcelas, ele precisou lidar com despesas como o IPVA, que custou R$ 1.230 em 2024. O mais angustiante para ele é não conseguir se desfazer do carro, já que ele está alienado. “É como se eu tivesse trancado dentro do carro, com a chave do lado de fora. Parece uma prisão financeira”, desabafa.
O aprendizado na dor
Agora, com 21 anos e um grande arrependimento, ele vê isso como uma lição. “Pelo menos aprendi cedo. Não quero passar por isso novamente no futuro, quando tiver uma família. Nunca mais vou financiar nada na minha vida”, afirma.
Ele ainda tenta vender o carro, mas as propostas que recebe das revendas são vexatórias. “Oferecem só R$ 5 mil para assumir a dívida. Já paguei quase o valor da tabela Fipe, que é R$ 42 mil. O que sobra são só os juros. É revoltante”, conclui.
Entre números e pessoas
Esse contraste entre o aumento dos financiamentos e as histórias de pessoas endividadas revela um dilema interessante. De um lado, o crédito movimenta o setor automotivo, enche as concessionárias e facilita o acesso a veículos. Por outro, a falta de planejamento financeiro pode colocar famílias em apuros por muitos anos.
Histórias como a do jovem do canal Telinho Alegre destacam a necessidade de pensar com cuidado sobre o impacto do financiamento nas finanças da família. Enquanto os números da economia podem parecer positivos, muitos brasileiros enfrentam a realidade das parcelas que consomem uma parte significativa da renda.