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Jingle esquecido do GLOBO ressurgi 100 anos depois; ouça aqui

O GLOBO nasceu em 1925 com a promessa de se integrar ao cotidiano dos cariocas, usando a música popular da época para se apresentar ao público. Naquele ano, o rádio e os discos estavam começando a se popularizar, e a música, especialmente com o surgimento de canções dançantes, influenciava muito a cultura local.

O jornaluschou sua chegada com um jingle que era um foxtrote, escrito por Amaral Campos e De Castro e Souza. Os versos, embora antigos e com algumas expressões em desuso, foram regravados recentemente em comemoração ao centenário do veículo. Essa nova gravação, a partir da partitura original, foi feita em parceria com o produtor musical Luís Filipe de Lima, que teve o desafio de adaptar a música para os dias de hoje.

A ideia de registrar o jingle surgiu no ano passado, como parte das comemorações pelos 100 anos do O GLOBO. O material faz parte de uma exposição especial que celebra a história do jornal, tanto online quanto na Casa Roberto Marinho, onde uma mostra sobre o centenário está em cartaz até 10 de outubro. Luís Filipe describe seu trabalho de recriação como uma espécie de “arqueologia musical”, visto que ele teve que trabalhar apenas com uma partitura para piano, sem gravações anteriores disponíveis.

Na época do lançamento do O GLOBO, o jornal ofereceu um exemplar gratuito do foxtrote para quem se apresentasse nos seus escritórios. O sucesso da música foi notável, sendo executada por várias orquestras e bandas na cidade, como a orquestra da Rádio Sociedade e a fanfarra da Brigada Policial.

Para a gravação comemorativa, Luís Filipe decidiu dar um toque carioca ao arranjo e chamou Marcos Sacramento para interpretá-lo. Sacramento destaca a curiosidade da letra, bem como a capacidade do foxtrote de se manter relevante, afirmando que o jingle representava um estilo de promoção comum à época de lançamento do jornal.

Nos anos 20, a cultura musical brasileira estava em transformação, sendo fortemente influenciada por ritmos que chegavam do exterior, como o foxtrote, popularizado por artistas como Ary Barroso e Pixinguinha. Sacramento comenta que se o O GLOBO fosse lançado hoje, provavelmente usaria estilos como trap, rap ou samba, refletindo as tendências contemporâneas.

Ao longo dos anos, a música continuou a ser uma parte importante da identidade do O GLOBO, sempre que o jornal precisou inovar ou lançar algo novo. Um exemplo disso foram os anos 30, quando o samba se consolidou em várias plataformas, levando à criação de jingles famosos, como “Conversa de botequim”, de Noel Rosa e Vadico, que também se tornou um símbolo.

Essa conexão com a música não é recente. Antes do O GLOBO existir, Irineu Marinho—seu fundador—já era parte da história da música popular brasileira. Em 1913, ele e sua equipe usaram uma roleta instalada perto da redação de seu jornal anterior, A Noite, para denunciar a jogatina em uma reportagem, mostrando já a influência que a música teria em sua trajetória.

Irineu foi defensor do conjunto Oito Batutas, liderado por Donga e Pixinguinha, contribuindo para a divulgação do grupo em meio a desafios relacionados ao preconceito racial na época. A relação que ele construiu com os músicos ficou marcada não apenas pela promoção, mas como um incentivo à cultura popular e ao samba, que sempre teve um lugar de destaque na história do Rio de Janeiro.

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