Notícias

Governo planeja restaurar castelo de 1718, mas proprietária recusa

Um caso intrigante vem chamando a atenção na França. Em 2016, um incêndio devastou um belo castelo do século XVIII, e desde então, os esforços para restaurá-lo têm sido em vão. O castelo é um patrimônio histórico da região, e o governo investiu cerca de 750 mil euros para sua reforma. Mas há um grande obstáculo: a propriedade é particular, e se a dona não quiser reformá-la, não há nada que se possa fazer.

A proprietária, que sonhava em transformar o espaço em uma fundação de arte contemporânea após a morte do marido, recusa qualquer reforma e ainda limita o acesso ao local. Nem mesmo os voluntários que se oferecem para ajudar na reconstrução conseguem entrar.

A história do local

Esse castelo, que um dia foi um símbolo arquitetônico, está se deteriorando. O presidente da associação de preservação, Hervé Baptiste, lamenta o estado do lugar: “Os pisos desabaram em cinco locais, e até a escadaria do estilo Luís XV ruíram em janeiro de 2020.” Um arquiteto aposentado especializado em monumentos históricos observa a queda sem poder agir. Apesar de já ter sido selecionado uma vez para a restauração, nada avançou.

“A proprietária, que já está com 80 anos, cortou todos os laços. Ela não permite nenhuma intervenção e se tornou inacessível: sem internet, telefone e até deixando de ler suas correspondências”, explica Baptiste.

Da esperança artística à completa estagnação

O castelo tem uma história repleta de reviravoltas. Construído em 1718 pelo segundo Marquês de Magny, passou por várias mudanças até ser adquirido, em 1989, por um casal de holandeses. Ele havia funcionado como moinho de linho por quase cinquenta anos. O novo dono, artista, faleceu em 2011, e deixou a propriedade para a esposa, que ainda nutre o sonho de transformá-lo em uma fundação de arte, mas sem nunca investir recursos para isso.

“O castelo nem sequer tem seguro”, conta o prefeito André Blet. Desde que os holandeses compraram, não houve nenhum esforço para restaurá-lo. O casal viveu em condições simples, sem água encanada ou eletricidade, como se o tempo tivesse parado.

Promessas e fracassos sucessivos

Dois anos após o incêndio, a Fundação do Patrimônio se mobilizou e conseguiu um total de 60 mil euros para o projeto de restauração. A associação de preservação trabalhou duro, fazendo reformas improvisadas e até abrindo o castelo ao público durante as Jornadas do Patrimônio em 2019, onde houve grande dedicação e planos de revitalização.

O prefeito recorda aqueles dias com entusiasmo: “Muita gente apareceu. A dona chegou a oferecer bebidas e ainda falou sobre organizar eventos no castelo.” Em 2021, surgiram novas esperanças, com a seleção do projeto novamente, garantindo fundos para proteger o local. Porém, sem a execução das obras, não há como liberar os recursos.

Com o passar do tempo, a proprietária ficou mais reservada e começou a rejeitar os projetos de restauração. A última vez que foi vista foi em 2022, quando enviou cartas informando que não queria que nada fosse feito, mencionando apenas seu desejo de transformar o castelo em uma obra de arte.

Um impasse entre idealismo e abandono

O prefeito Blet acredita que a dona teme perder o controle do imóvel. A ironia é que os voluntários desejam exatamente o que ela sonha: criar uma fundação de arte contemporânea para revitalizar o espaço.

Atualmente, tudo permanece parado. A imponência do castelo ainda impressiona da estrada, mas sua decadência se torna evidente com um olhar mais atento.

O risco do desaparecimento completo

“Daqui a 10 ou 15 anos, será um monte de entulho”, alerta o prefeito. “Sem a laje de concreto da antiga fábrica, já teria desabado.” Contudo, nada pode ser feito. O edifício não é tombado, apenas registrado, o que impede ações coercitivas. Como é uma propriedade privada, tentativas de compra já ocorreram, mas nenhuma encontrou sucesso.

“Houve ofertas para comprar o lugar com planos de restauração, mas a situação nunca avançou”, comenta o prefeito, que só busca o acesso ao parque do castelo para realizar pequenos reparos em uma ponte pública. Até isso enfrenta resistência.

Assim, o castelo de Magny-en-Bessin, que nas épocas de glória abrigou a nobreza e inspirou artistas, parece estar caminhando para um destino silencioso e triste, em um lento colapso físico e simbólico.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo