Descoberto fungo raro que pode combater o câncer

O Aspergillus flavus é um fungo que talvez você já tenha ouvido falar. Apesar de sua fama negativa — como a de causar problemas sérios em safras e até mesmo levar à morte de pessoas em atividades de escavação —, ele pode ser um aliado na luta contra o câncer. Recentemente, uma equipe de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, conseguiu transformar suas propriedades em um composto promissor no combate a essa doença tão temida.
Os cientistas alteraram algumas moléculas do fungo e as testaram no tratamento da leucemia. Isso abre portas para novas opções e representa um verdadeiro avanço na área da saúde.
O potencial
Sherry Gao, a pesquisadora à frente das investigações, ressaltou que os fungos já contribuíram para a descoberta da penicilina e que ainda há muito a ser explorado nesse campo. Em suas palavras: “Esses resultados mostram que muitos medicamentos derivados de produtos naturais ainda estão por vir.” A pesquisa foi publicada na revista Nature Chemical Biology e promete ser uma nova alternativa para o tratamento do câncer.
Essa relação com a história do fungo remontando a cerca de 1341 a.C. até os casos de mortes reportados na década de 1920 é interessante e preocupante. As asperigimicinas, compostos derivados do fungo, têm a capacidade de interromper a reprodução celular. Gao explica que “as células cancerosas se dividem de maneira descontrolada, e esses compostos bloqueiam a formação de microtúbulos, essenciais para essa divisão”.
O estudo revelou que o novo composto é bastante específico e não teve efeitos significativos em tipos de câncer como o de pulmão, fígado e mama. O mesmo ocorre com fungos e bactérias. Isso significa que ele pode ser uma ferramenta valiosa em terapias para determinados tipos de câncer, trazendo esperança para tratamentos mais direcionados.
Além disso, a pesquisa também identificou grupos de genes que podem indicar outras possibilidades no universo dos RiPPs (peptídeos ribossomais modificados) fúngicos. Os cientistas já estão realizando testes em animais com as asperigimicinas e aguardam a chance de avançar para experimentos em humanos.
Essa é uma razão e tanto para que iniciativas assim recebam atenção e investimentos. O futuro da cura do câncer pode muito bem estar ligado a descobertas como essa, especialmente para quem precisa de alternativas além dos tratamentos convencionais. É um passo importante que pode pavimentar o caminho para mais inovações na medicina.