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Descoberta de cidades antigas sob o deserto da Arábia

Por muito tempo, a gente achou que o deserto da Península Arábica era só areia e que não havia registros de ocupação humana por lá. Mas, nos últimos anos, essa ideia vem sendo questionada com novas descobertas incríveis. Pesquisadores da Universidade de Oxford, em colaboração com a Comissão de Patrimônio da Arábia Saudita, encontraram mais de 1.000 estruturas de pedra no norte do país, que datam de cerca de 7 mil anos atrás. Essa revelação muda completamente o que sabemos sobre a história do Oriente Médio.

As estruturas, conhecidas como “mustatils” — que, em árabe, significa “retângulos” — foram identificadas através de imagens de satélite e drones. Elas são retangulares e feitas com blocos de pedra, algumas alcançando mais de 600 metros de comprimento, e estão localizadas em regiões como AlUla, Ha’il e Khaybar, áreas que hoje não parecem ter vida alguma.

As cidades de pedra que precedem as pirâmides

Análises de carbono 14 realizadas em ossos e ferramentas encontrados nas proximidades sugerem que essas construções surgiram entre 5.200 e 5.000 a.C., ou seja, antes das pirâmides do Egito e de Stonehenge. O Dr. Hugh Thomas, um arqueólogo que lidera o projeto de arqueologia aérea na Arábia Saudita, acredita que os mustatils eram usados para rituais religiosos e cerimônias comunitárias. Isso indica que havia sociedades organizadas naquela região, que costumava ser vista como inabitável.

As estruturas de pedra foram dispostas de forma bastante geométrica e conectadas por caminhos, quase formando cidades de pedra interligadas. Também foram encontrados restos de chifres e ossos de gado, sugerindo rituais de sacrifício que estavam relacionados à domesticação de animais.

O padrão de construção é impressionante. Os mustatils estão concentrados em áreas que uma vez foram rotas de água, indicando que o norte da Arábia Saudita já foi um lugar fértil e úmido.

Quando o deserto era verde

Estudos sobre o clima nos revelam que, há 10 mil anos, o que hoje é um deserto era uma vasta savana com lagos e vegetação abundante. Esse clima propício favoreceu o crescimento dessas comunidades, que viviam da pecuária e do manejo de recursos locais. Com a mudança do clima, essas populações foram desaparecendo, deixando para trás as impressionantes estruturas que agora vemos emergindo das dunas.

Pesquisadores também notaram que muitos mustatils estão alinhados com formações geológicas e pontos do nascer do sol. Isso pode sugerir funções astronômicas e simbólicas, semelhantes a outros monumentos megalíticos do passado.

O redescobrimento de uma civilização esquecida

As descobertas foram oficialmente reveladas em 2021, mas o trabalho de mapeamento continua. O governo saudita está investindo em expedições arqueológicas como parte do plano “Vision 2030”, que visa trazer à luz a herança cultural pré-islâmica da região. A arqueóloga Dr. Rebecca Foote, da Comissão de Patrimônio, destacou que a Península Arábica pode ser um dos berços esquecidos da civilização humana.

Atualmente, estima-se que o número total de mustatils pode passar das 1.600 estruturas, algumas tão grandes que só são vistas do ar. Essa descoberta reposiciona a Arábia Saudita no cenário arqueológico global, mostrando que, enquanto civilizações como a mesopotâmica e a egípcia prosperavam, havia outro povo erguendo monumentos no deserto, desafiando a aridez e o tempo.

Chamadas de “civilização das pedras retangulares”, essas estruturas são um testemunho silencioso de um passado onde a Arábia não era um vazio, mas um espaço cheio de vida, crença e engenhosidade humana.

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