Campo de gás na Argentina mantido pela Petrobras se valoriza

Em 2016, no meio da maior crise de sua história, a Petrobras decidiu se desfazer de sua operação na Argentina. A venda, feita para a Pampa Energía, parecia uma jogada de necessidade, mas escondia um plano mais astuto: manter uma participação no campo de gás de Río Neuquén. Hoje, essa decisão prova ser uma aposta certeira.
Quase dez anos depois, a região de Vaca Muerta se tornou a nova fronteira energética da América do Sul. O ativo que a Petrobras preservou se transforma agora na chave para seu retorno ao país, destacando a visão que muitos deixaram passar naquela época.
Por que a Petrobras precisou vender seus ativos na Argentina em 2016?
Nos anos 2010, a Petrobras enfrentava uma crise severa, impulsionada pelo escândalo da Operação Lava Jato, enquanto a sua dívida atingia impressionantes US$ 130 bilhões. Para sobreviver, a estatal lançou um ousado programa de desinvestimentos.
A tática era simples: vender partes do negócio que não eram consideradas estratégicas para levantar capital. Assim, a Petrobras Argentina (PESA) foi colocada à venda.
A visão do comprador: O negócio de US$ 897 milhões que transformou a Pampa Energía
Enquanto isso, a Pampa Energía, liderada por Marcelo Mindlin, perseguia o sonho de se tornar uma gigante completa no setor energético. A compra da operação da Petrobras, feita em julho de 2016 por US$ 897 milhões, deu à Pampa acesso a um vasto portfólio de campos de petróleo e gás, incluindo áreas promissoras de Vaca Muerta.
A aposta em Vaca Muerta: Como a Pampa transformou a região em uma “máquina de dinheiro”
Após a aquisição, a Pampa iniciou um agressivo plano de investimentos para explorar o potencial de Vaca Muerta, investindo mais de US$ 1,6 bilhão entre 2025 e 2026. Os resultados foram incríveis: a produção de petróleo e gás disparou, e o lucro em 2024 cresceu 105%, atingindo US$ 619 milhões. Para completar, a dívida líquida caiu para US$ 410 milhões, o menor nível desde a aquisição.
O campo de gás de Río Neuquén, a joia que a Petrobras não vendeu
No acordo que envolveu a venda, a Petrobras fez uma cláusula importante: ela manteve 33,6% do campo de gás de Río Neuquén, comprando essa fatia por US$ 52 milhões. Mesmo em meio à crise, seus técnicos reconheciam o potencial do ativo, garantindo assim uma presença vital no futuro do gás argentino.
O círculo se fecha em 2025: A Petrobras volta à Argentina de olho em Río Neuquén
Agora, quase uma década depois, a Petrobras busca reentrar no mercado argentino, impulsionada pelo sucesso de Vaca Muerta e pela demanda crescente por gás no Brasil. Recentemente, a empresa selou um acordo de cooperação com a estatal argentina YPF, centrado no campo de gás de Río Neuquén. Essa busca revela a validação da visão da Pampa Energía em 2016 e, principalmente, a astúcia da Petrobras em manter sua joia.