Brasil possui ilha proibida a civis por alto risco de morte

Escondida a apenas 35 km da costa de São Paulo, está a Ilha da Queimada Grande, mais conhecida como a “Ilha das Cobras”. Essa ilha não é um destino turístico como muitos imaginam; ao contrário, sua entrada é proibida ao público por decreto federal. O principal motivo? A presença de uma quantidade impressionante de serpentes venenosas que tornam a ilha um laboratório vivo de evolução.
Um ecossistema único e perigoso
Na Ilha da Queimada Grande, a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) é a verdadeira dona do pedaço. Essa serpente, que só existe ali, evoluiu de suas parentes continentais, tornando-se ainda mais letal devido ao isolamento em que vivia por milhares de anos. Ai, e se você pensar que essa espécie não é tão perigosa, saiba que seu veneno pode matar um ser humano em menos de uma hora, e ainda não existe um antídoto específico.
Em certos momentos do ano, a densidade populacional pode chegar a uma cobra por metro quadrado, especialmente durante a reprodução e alimentação. Isso acontece porque a ilha não tem predadores naturais, além de receber aves migratórias que se tornaram a principal fonte de alimento para as serpentes.
A proibição e o controle rigoroso da Marinha
Desde a década de 1980, a Ilha da Queimada Grande é interditada para visitas. Essa decisão foi respaldada por opiniões do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Hoje, apenas pesquisadores que têm permissão especial e são acompanhados por especialistas podem desembarcar na ilha.
A responsabilidade pelo controle de acesso é da Marinha do Brasil. Tentar se aproximar sem autorização pode resultar em multas ou até prisão. Esse cuidado não visa apenas a segurança das pessoas, mas também a proteção da jararaca-ilhoa, que está ameaçada de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.
Um veneno que pode ter esperança medicinal
Ainda que a jararaca-ilhoa seja temível, seu veneno tem atraído a atenção da comunidade científica. Ele contém propriedades anticoagulantes e analgésicas que podem ser estudadas para o desenvolvimento de medicamentos contra doenças gravíssimas como AVC e câncer. O isolamento genético da ilha resultou em uma toxina singular, o que a torna uma verdadeira joia para a biotecnologia.
Laboratórios, como o Instituto Butantan e outros internacionais, estão realizando pesquisas com o veneno sob rígidas normas de segurança. O objetivo é coletar dados com o mínimo de impacto no ambiente, já que a ilha também é considerada uma Área de Relevante Interesse Ecológico.
Mitos e fascínio pela Ilha das Cobras
A fama da Ilha da Queimada Grande vai muito além do campo científico. Histórias sombrias contadas por pescadores sobre pessoas que invadiram a ilha e nunca mais foram vistas fazem parte do folclore local. Existem relatos, embora não confirmados, de faroleiros que abandonaram o antigo farol porque não suportaram a presença constante das cobras.
Atualmente, o farol funciona remotamente e qualquer atividade humana é extremamente limitada. Mesmo assim, o local continua atraindo a curiosidade de aventureiros e documentaristas. Um episódio do Discovery Channel já a descreveu como “o lugar mais perigoso da Terra”.
Um patrimônio natural protegido
Embora possa parecer aterrorizante para muitos, a Ilha da Queimada Grande é um patrimônio natural brasileiro de grande importância. Ela é fundamental para o equilíbrio ecológico e para avanços na ciência. Representa um exemplo fascinante de como a evolução molda espécies em ambientes isolados e como esses seres, mesmo os mais perigosos, podem esconder soluções para desafios na medicina moderna.