Brasil abriga maior complexo eólico e solar do mundo, com 2,4 GW

O Serra Branca, localizado no interior do Rio Grande do Norte, é um verdadeiro exemplo de inovação em energia renovável. Esse complexo reúne usinas eólicas e solares com um impressionante potencial integrado de 2,4 gigawatts. Para ter uma ideia, a área ocupada é de cerca de 40 mil hectares, o que corresponde a um corredor que vai muito além do que podemos imaginar.
Desenvolvido pela empresa Voltalia, o Serra Branca possui uma linha interna de transmissão que suporta até 2 GW. Isso significa que é possível conectar e distribuir a energia produzida de forma eficiente e direta. Plus, a estrutura conta com subestações, acessos adequados e a operação e manutenção necessárias para garantir seu funcionamento constante.
Esse corredor energético se estende entre municípios como Serra do Mel e Areia Branca, ocupando uma faixa que mede cerca de 50 por 15 quilômetros. Essa configuração foi pensada estrategicamente para aproveitar os ventos contínuos e a alta incidência de sol da região, garantindo um funcionamento otimizado e custos menores de conexão.
Como o corredor energético foi planejado
O planejamento do Serra Branca focou na integração de geração, conexão e escoamento. Com um traçado contínuo, as travessias foram minimizadas, facilitando o licenciamento de infraestruturas e permitindo que as construções dos parques eólicos e solares andassem em paralelo. Essa proximidade ajuda a coordenar melhor a manutenção, reduzindo eventuais perdas elétricas.
Eólica: Ventos de Serra do Mel e os marcos de comissionamento
Nos parques do projeto Ventos de Serra do Mel (VSM), os comissionamentos aconteceram em etapas. Em 2021, foram 211 MW adicionais, elevando a produção total do complexo para mais de 1 GW. Mesmo com algumas unidades transferidas para outros agentes do setor, a Voltalia continuou operando e mantendo esses ativos.
Essa estratégia de portfólio modular permite que grupos de turbinas sejam construídos e energizados em sequência, o que diminui riscos e acelera a geração de receita. Cada nova fase é identificada por uma sigla, seguindo suas próprias autorizações e financiamentos.
Solar: SSM1 a SSM6 e a expansão fotovoltaica
O setor solar do Serra Branca também se destaca com o programa Solar Serra do Mel (SSM). As usinas SSM1 e SSM2 foram comissionadas em 2022, juntas, somando 320 MW. Em 2023, novas etapas surgiram com as usinas SSM3 a SSM6, adicionando mais 260 MW gradualmente.
Essa expansão eleva o bloco solar para mais de meio gigawatt, complementando a sólida base eólica. A empresa também anunciou contratos de compra e venda de energia com durações de 10 a 20 anos, o que garante previsibilidade na receita e permite financiamentos de longo prazo.
Linha interna de 2 GW e conexão em 500 kV
A linha de transmissão interna é a espinha dorsal do Serra Branca, dimensionada para até 2 GW. Essa infraestrutura foi projetada para acompanhar o progresso dos parques, facilitando o fornecimento de energia assim que cada fase entra em operação. A conexão ao sistema de 500 kV melhora a logística e a entrega da energia gerada.
Uma vantagem interessante desse projeto é que a proximidade entre as fontes eólica e solar suaviza as flutuações de geração de energia ao longo do dia e das estações, melhorando a estabilidade do sistema elétrico.
Estrutura societária e parcerias financeiras
A estratégia de capital do Serra Branca envolve parcerias e reciclagem de portfólio. Por exemplo, no projeto VSM3, a empresa francesa STOA assumiu participação, enquanto a Voltalia continua responsável pela operação e manutenção.
Esses arranjos têm como objetivo diluir a exposição financeira, criar um ecossistema diversificado de investidores e garantir um fluxo contínuo de obras, sem concentrar riscos em um único ativo.
Por que é apresentado como o maior híbrido eólico-solar do mundo
O Serra Branca é frequentemente descrito como o maior complexo híbrido do mundo devido à sua combinação de 2,4 GW de potência integrada e a disposição de usinas eólicas e solares no mesmo território. Embora existam parques com capacidades maiores em outras partes do mundo, esse projeto potiguar se destaca pela sua singularidade.
Impactos regionais e integração com a cadeia
O corredor transformou a importância de cidades do interior potiguar no cenário energético nacional. A convivência com a agricultura e a indústria local, aliada à chegada de novos fornecedores, traz mudanças significativas aos fluxos logísticos e impulsiona os serviços na região. Embora existam discussões sobre uso do solo e licenciamento, a escala do projeto reafirma sua relevância para a matriz de energia limpa do Brasil.
Cronogramas sobrepostos e ganhos operacionais
O planejamento modular possibilitou que os trabalhos de construção ocorressem em paralelo, tanto para a energia eólica quanto para a solar. Com isso, enquanto novas etapas eram montadas, outras já estavam em fase de teste e operação comercial, acelerando a geração de receita.
Essa estrutura também promove uma padronização de segurança e de procedimentos operacionais, que é crucial para o funcionamento de um complexo dessa magnitude.
Um hub para PPAs e serviços
Por fim, a escala do Serra Branca resulta em uma contínua carteira de PPAs com distribuidoras e consumidores industriais, além de contratos de serviços de O&M para outras empresas. Esse modelo cria um hub que centraliza engenharia, operação, manutenção e gestão comercial, otimizando recursos e sinergias.



