Bill Gates indica que IA pode eliminar 300 milhões de empregos

A revolução da inteligência artificial (IA) está mudando o mercado de trabalho de forma rápida e inesperada. Até mesmo quem ama tecnologia, como Bill Gates, cofundador da Microsoft, admite que ninguém consegue prever o impacto total dessa transformação. Em uma entrevista à CNN, Gates comentou que a evolução da IA está além das expectativas, e muitas profissões podem sumir antes que as pessoas tenham a chance de se adaptar a essa nova realidade.
Gates disse que se surpreende com a rapidez com que a tecnologia tem melhorado. Ele a utiliza várias vezes ao dia, como para fazer consultas complexas, e frequentemente se depara com respostas muito precisas. Outros especialistas, como Dario Amodei, CEO da Anthropic, afirmam que até metade dos empregos de nível básico pode desaparecer nos próximos cinco anos.
Grandes empresas já estão se ajustando a essa nova realidade. A Meta, por exemplo, está criando engenheiros de IA, e a IBM já demitiu 8.000 funcionários da área de recursos humanos, citando a automação como motivo. Apesar desse cenário preocupante, Gates acredita que algumas áreas profissionais ainda conseguem se manter seguras por enquanto.
A corrida tecnológica e o ritmo assustador da transformação
Os comentários de Gates ocorrem em um momento em que o mercado de trabalho está se transformando radicalmente. Com a IA já escrevendo e-mails, programando códigos e atendendo clientes em larga escala, o futuro pode parecer um tanto apocalíptico para alguns. O CEO da Amazon, Andy Jassy, já anunciou que algumas equipes, incluindo as de desenvolvimento de software, deverão passar por cortes devido à automação.
Gates alerta que a verdadeira preocupação não é apenas o que a IA já faz, mas o que ainda pode vir a fazer. “Ela chegou tão rápido que não temos tempo para nos adaptar?”, questiona. Estimativas do Goldman Sachs são alarmantes: até 300 milhões de empregos em tempo integral podem ser eliminados devido à automação. Tarefas repetitivas, como televendas e entrada de dados, estão na linha de frente dessa eliminação.
Os especialistas divergem sobre quando a IA conseguirá ou superará a capacidade humana. Alguns falam em dois anos, enquanto outros acreditam que ainda levará uma década. Ferramentas como Claude e GPT-4 estão apresentando avanços significativos e se aproximando de um ponto de inflexão.
As três profissões “à prova” de IA, segundo Bill Gates
Apesar do cenário alarmante, Gates acredita que algumas profissões continuarão a ser relevantes no futuro próximo. Ele aponta três áreas que são menos suscetíveis a serem totalmente automatizadas: desenvolvimento de software, setor energético e biologia.
Desenvolvedores de software
Embora a IA já consiga produzir e até corrigir código, ela ainda não tem a capacidade de responsabilidade ou julgamento críticos. Gates enfatiza que os engenheiros são essenciais no design de sistemas, supervisão de algoritmos e ajustes de modelos. Em resumo, a IA precisa de humanos para criar e corrigir suas falhas, especialmente em ambientes onde a segurança é crucial.
Profissionais do setor energético
O setor energético, que abrange desde a operação de reatores nucleares até a gestão de redes renováveis, exige um alto grau de complexidade e segurança. Gates coloca a questão: “Você confiaria em uma IA para operar toda uma rede elétrica sem supervisão humana?”. A resposta é, por ora, um retumbante não. A supervisão e controle humanos continuam sendo fundamentais.
Biólogos
Na biologia, a IA pode rapidamente analisar genomas e identificar padrões, mas para fazer grandes descobertas científicas, criatividade e intuição são indispensáveis. Gates ressalta que a limitação de financiamento para pesquisas reforça a importância do humano nesse campo. A curiosidade e a capacidade de criar novas questões ainda são qualidades que as máquinas não conseguem replicar.
Menos trabalho, mais lazer? A promessa e o risco de uma nova era
Gates levanta a hipótese de que a tradicional jornada de trabalho de 40 horas possa ser reavaliada. Ele acredita que a IA pode permitir semanas de trabalho de apenas três dias, liberando tempo para lazer e outras atividades. Essa visão otimista, no entanto, esconde um desafio: o futuro dos trabalhadores cujos empregos podem desaparecer. Os jovens, em particular, enfrentam incertezas, já que muitas vagas iniciais — fundamentais para formar novos líderes — estão entre as primeiras a ser eliminadas.
Uma pesquisa feita em 2025 mostrou que 42% dos graduados da Geração Z acreditam que a IA já está diminuindo suas chances de emprego. Enquanto isso, as empresas estão investindo cada vez mais em equipes especializadas em IA e reduzindo contratações clássicas.
O grande desconhecido: para onde estamos indo?
Mesmo com tantos dados e previsões, o destino da inteligência artificial permanece incerto. Alguns especialistas acham que a chamada “IA geral”, que poderia pensar como um humano, está a poucos anos de distância. Outros, no entanto, acreditam que essa ideia é prematura.
Gates admite que pode estar errado em suas análise e que sua maior preocupação não é apenas a substituição, mas a velocidade com que isso pode ocorrer. Em um cenário onde habilidades valorizadas em 2023 podem já estar obsoletas em 2026, até mesmo os profissionais mais qualificados podem ser pegos de surpresa.
Por ora, parece que quem atua nas áreas de programação, energia ou biologia tem mais chances de continuar relevante. Para os demais, talvez seja o momento de repensar suas carreiras e se preparar para um futuro onde adaptar-se será essencial.