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Bajau: o povo do mar que fica até 13 minutos submerso

O povo Bajau é conhecido como os "ciganos do mar" por seu estilo de vida único, vivendo sobre palafitas e construindo vilas interligadas por canais e pequenas embarcações. Espalhados entre as Filipinas, Indonésia e Malásia, eles conseguiram manter sua identidade cultural ao longo das fronteiras, sustentada por uma língua comum, práticas de pesca e uma forte religiosidade.

É fascinante observar como os Bajau mergulham por longos períodos, utilizando lanças e linhas para pescar. Desde cedo, as crianças aprendem a mergulhar, e isso influencia não apenas sua alimentação, mas também a economia e as tradições familiares. Para eles, o mar é o centro da vida, guiando tanto o cotidiano quanto o calendário das atividades.

Onde vivem e como se organizam

As comunidades Bajau estão espalhadas por três países, cada uma com suas características. Nas Filipinas, por exemplo, em lugares como Sitangkai, existem verdadeiras cidades flutuantes onde os canais servem como ruas, e o som das marés é uma constante.

Na Indonésia, especialmente em Sulawesi, as aldeias são próximas e o aspecto comunitário é forte. A maioria das pessoas é muçulmana, e a convivência é marcada por celebrações coletivas, como o Ramadã. A mobilidade é essencial: eles se deslocam entre ilhas para pescar, mas sempre mantêm laços com parentes, reforçando a ideia de comunidade.

Vida sobre a água e infraestrutura essencial

As casas são construídas em palafitas e conectadas por passarelas. O abastecimento de alimentos e outros itens chega por mar, e, em algumas áreas, há acesso à internet via satélite. O dia a dia dos Bajau é influenciado pelas marés e pela disponibilidade de peixes, exigindo um planejamento coletivo.

As crianças crescem aprendendo desde cedo a remar e a navegar com segurança, sendo o mar sua principal sala de aula. O aprendizado é prático e acontece ao lado dos mais velhos, que transmitem não só técnicas, mas também saberes sobre a vida no oceano.

Técnica de mergulho e tempo de apneia

O que realmente impressiona sobre o povo Bajau é sua habilidade em mergulhar em apneia por longos períodos. Eles se alternam entre mergulhar e ficar na superfície, ocupando-se de controlar a respiração e relaxar para conservar oxigênio. Essa habilidade é fruto da prática desde a infância.

Durante as descidas, eles se organizam em equipe, com um responsável pelo bote e outros que mergulham para capturar peixes e polvos. O mar é generoso, mas também impõe limites, e eles são habilidosos em evitar desperdícios.

Pesca, comércio e modos de produção

A economia dos Bajau gira em torno da pesca artesanal. Eles utilizam lanças e linhas para capturar diversas espécies, sem descuidar de alimentos como mariscos. Em áreas de fronteira, mercadorias de países vizinhos também chegam, abastecendo os mercados locais. Essa venda direta ajuda a sustentar as famílias, financiando manutenção dos botes e outros gastos.

Contudo, a pressão pesqueira e a competição com embarcações modernas afetam a renda das comunidades. Para se adaptar, os Bajau diversificam as áreas de pesca e mexem nas técnicas conforme as condições climáticas e a abundância de peixes.

Circulação entre países e memória histórica

Historicamente, muitos grupos Bajau originaram-se nas Filipinas e, devido a conflitos e oportunidades, se espalharam pela Indonésia e Malásia. Essa movimentação explica as conexões familiares em diferentes ilhas, com reencontros frequentes em feiras e mesquitas. As travessias marítimas têm um significado profundo, representando também as memórias ancestrais.

Embora em algumas regiões existam estigmas, os líderes locais e moradores enfatizam a normalização do dia a dia, a hospitalidade e o trabalho no mar. Eles desejam ser vistos como uma comunidade que respeita e preserva seus ofícios.

Educação das crianças e práticas culturais

Os pequenos Bajau vão para o mar desde cedo, aprendendo a nadar e mergulhar. A rotina também inclui jogos e futebol, enquanto a religião traz uma estrutura semanal com orações e refeições em família. A educação é passada de forma prática, onde as crianças observam e treinam as habilidades necessárias para a vida.

Cada saber, seja no reparo de barcos ou na técnica de pesca, é passado de geração em geração, garantindo que as tradições se mantenham vivas. O aprendizado é contínuo, sempre se adaptando às mudanças que o mar oferece.

Lideranças locais e personagens do mar

Nas comunidades, as figuras mais velhas são respeitadas como guardiãs das histórias e técnicas tradicionais. Um dos pescadores, conhecido como Jago, ganhou notoriedade após ser destaque em um documentário, simbolizando a resiliência e a força do povo Bajau. Essas lideranças mantêm viva a memória histórica e oferecem orientação aos jovens.

Apesar dos desafios enfrentados, como a falta de serviços básicos e a pressão sobre os recursos do mar, os Bajau buscam fortalecer práticas sustentáveis. Visitas ao seu modo de vida devem ser respeitosas, priorizando a compreensão sem transformar suas comunidades em atrações turísticas.

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