Alimentação de 1,83 milhões de presos nos EUA expõe escândalo

O tema da alimentação nas prisões é bastante delicado e muitas vezes ignorado. O cardápio que os detentos recebem, em muitos casos, não é apenas sem graça e sem sabor, mas também pouco nutritivo. Frutas frescas, carnes com osso e até mesmo alimentos que possam fermentar são evitados. Isso acontece para prevenir problemas como produção de álcool ou o uso de alimentos como armas. Por outro lado, a dieta se concentra em carboidratos refinados, vegetais enlatados e produtos industrializados, priorizando sempre o custo. Ou seja, a saúde dos presos passa longe da preocupação.
Cardápios sem cor, sabor e nutrientes
Para você ter uma ideia, em estados como Oklahoma, algumas refeições custam menos de US$ 1. O ciclo de cardápios se repete a cada quatro semanas e normalmente inclui café da manhã com cereais, ovos e torradas; almoço com salsichas e batatas; e jantar com arroz e feijão. Com tanta repetição, 80% dos presos consideram a comida ruim ou desagradável.
A higiene nas cozinhas também é um ponto crítico, com relatos alarmantes de infestação de baratas, presença de ratos e alimentos vencidos. De acordo com a organização Impact Justice, 75% dos presos já receberam comida estragada, e a taxa de intoxicação alimentar entre eles é 6,4 vezes maior do que na população em geral.
As refeições são preparadas por empresas terceirizadas e, frequentemente, por presos que recebem centavos por hora. Apesar disso, muitas pessoas desejam essas vagas, já que elas garantem um pouco mais de comida. As cantinas, no entanto, cobram preços exorbitantes: por exemplo, dois pães de mel custam mais de R$ 56.
Um dado alarmante é que três em cada cinco presos não têm condições de comprar alimentos e dependem de ajuda externa. Isso resulta em um cenário de fome generalizada: 94% relatam que não comem o suficiente para se sentirem saciados, o que agrava problemas de saúde como diabetes, anemia e pressão alta.
Má alimentação piora a saúde mental e alimenta a reincidência
Além dos problemas físicos, a alimentação ruim afeta o comportamento dos detentos. Estudos mostram uma ligação entre a falta de nutrientes e o aumento da agressividade, confusão mental e depressão. Isso se torna um desafio ainda maior para a reintegração social, já que 95% dos presos voltarão à sociedade um dia.
Por outro lado, já existem exemplos onde mudanças são possíveis. Na prisão Mountain Ville, no Maine, foi implementado um programa que inclui uma horta e uma padaria geridas por detentos. Essa iniciativa não só melhorou a qualidade nutricional das refeições, como também ajudou a economizar mais de R$ 500 mil por ano. Além disso, os internos têm a chance de aprender uma nova profissão.
Essa realidade nos mostra que é viável oferecer alimentação digna nas prisões, contribuindo para a reabilitação e redução da reincidência criminal.