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A maior bacia hidrográfica do mundo cobre parte do Brasil

A Bacia Amazônica é simplesmente impressionante. Considerada a maior bacia hidrográfica do mundo, ela não só dá suporte a uma vasta gama de ecossistemas, mas também sustenta milhões de brasileiros e regula importantes processos climáticos globais. Para entender o quanto ela é essencial para o Brasil e o planeta, é crucial conhecermos sua formação e a complexidade de sua rede de rios.

A geografia da Bacia Amazônica é de fato grandiosa. Ela cobre uma área que varia de 6,74 a 7,05 milhões de quilômetros quadrados, o que representa cerca de 42% do nosso Brasil e quase um terço de toda a América do Sul. Um detalhe interessante é que esta bacia é transnacional, abrangendo nove países. O Brasil é o maior detentor, com 63% do território, seguido por nações como Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname e a Guiana Francesa.

Quando falamos do potencial hídrico, não tem como negar que a Amazônia é imbatível. O Rio Amazonas despeja cerca de 20% de toda a água doce que os rios do mundo levam para o oceano. Durante a estação das chuvas, sua vazão pode chegar a impressionantes 290.000 metros cúbicos por segundo. O regime do rio é um misto, alimentado tanto pelas chuvas equatoriais quanto pelo derretimento de neve da Cordilheira dos Andes. Um ponto fascinante é que os afluentes vêm de ambos os hemisférios, garantindo um fluxo constante de água ao longo do ano.

Geografia e potencial hídrico da bacia hidrográfica

A paisagem amazônica que conhecemos hoje é fruto de milhões de anos de mudanças geológicas. Há cerca de 65 milhões de anos, o sistema fluvial da Amazônia tinha um fluxo que ia em direção ao Pacífico. Mas, com o soerguimento da Cordilheira dos Andes, esse caminho foi bloqueado, criando um grande lago interior. Com o passar do tempo, a erosão e a mudança da drenagem inverteram completamente esse fluxo, fazendo com que o rio passasse a correr para o leste.

Essa vasta planície amazônica tem uma inclinação quase imperceptível. No Brasil, em um trecho de mais de 3.000 km, a diferença de altura é somente de 15 metros. Isso colabora para a lentidão das águas e o fenômeno do “pulso de inundação”, que é essencial para fertilizar as várzeas e mantém os ecossistemas funcionando.

As artérias da bacia hidrográfica

Com mais de 7.000 afluentes, a Bacia Amazônica é cheia de rios incríveis. O Rio Amazonas/Solimões é a sua principal artéria. Ele é reconhecido como o maior rio do mundo em comprimento e volume. Suas águas turvas, chamadas de “águas brancas”, têm uma alta carga de sedimentos provenientes dos Andes.

O Rio Negro é o maior afluente da margem esquerda e notável por ser o maior rio de “águas pretas” do planeta. A sua coloração escura vem de compostos orgânicos, resultando em águas ácidas e com poucos nutrientes. O famoso “Encontro das Águas”, que acontece perto de Manaus, são as águas do Negro se misturando com as do Solimões, fazendo um espetáculo à parte.

Outro importante afluente é o Rio Madeira, que é predominantemente um rio de “águas brancas” e carrega muitos sedimentos, enquanto o Rio Tapajós é um exemplo de “águas claras”, com uma cor esverdeada. Essas diferenças entre as águas são fundamentais para a biodiversidade única da bacia.

Sistema Aquífero Grande Amazônia (SAGA)

Debruçando na parte subterrânea da Amazônia, encontramos o Sistema Aquífero Grande Amazônia (SAGA). Esse gigantesco reservatório de água subterrânea é estimado em mais de 160.000 quilômetros cúbicos, quatro vezes o tamanho do Aquífero Guarani. Com um papel crucial no abastecimento de cidades como Manaus e Santarém, o SAGA se torna ainda mais importante, uma vez que sua saúde está diretamente ligada à floresta. O desmatamento e a contaminação da superfície podem prejudicar esse sistema vital.

O papel vital da floresta e dos rios

A Amazônia é, sem dúvida, o coração da biodiversidade terrestre. ela abriga pelo menos 10% de todas as espécies conhecidas, sendo que a diversidade de peixes é a mais rica do planeta, com mais de 2.700 espécies, 62% delas exclusivas da região. Além disso, a floresta tem um impacto significativo no clima global, armazenando entre 80 e 120 bilhões de toneladas de carbono. Através da evapotranspiração, ela libera uma quantidade imensa de vapor d’água para a atmosfera, formando os chamados “rios voadores”.

Esses rios atmosféricos são levados pelos ventos, irrigando regiões vastas da América do Sul, incluindo partes do Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, que concentram 70% do PIB do nosso continente. Contudo, o desmatamento ameaça seriamente esse mecanismo vital, colocando em risco a segurança hídrica e alimentar de milhões de pessoas.

Os desafios para a sobrevivência da bacia hidrográfica

A Bacia Amazônica abriga cerca de 30 milhões de pessoas, e é um cenário de intensos conflitos socioambientais. O avanço do desmatamento, impulsionado especialmente pela pecuária, agricultura e garimpo ilegal, é uma ameaça crescente. O garimpo, por exemplo, tem despejado toneladas de mercúrio nos rios, contaminando a cadeia alimentar e causando sérios problemas de saúde nas comunidades ribeirinhas e indígenas.

Outra questão crítica é a formação de usinas hidrelétricas na região. Embora sejam vistas como uma solução energética, essas barragens inundam vastas áreas de florestas, liberam gases de efeito estufa e fragmentam a conectividade dos rios. Isso não só bloqueia a migração de peixes, mas também prejudica a passagem dos sedimentos que fertilizam as planícies, colocando em risco o funcionamento ecológico da bacia.

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