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Cidade militar na Alemanha: vestígios de soldados britânicos

O Complexo Militar de Rheindahlen, construído pelas Forças Armadas do Reino Unido em 1952, é um lugar que carrega um pedaço da história. Localizado em Mönchengladbach, na Alemanha, era como uma “cidade dentro da cidade”, abrigando até 12 mil militares e suas famílias em um período que se seguia à Segunda Guerra Mundial. Nesse espaço, viviam integrantes do Exército Britânico do Reno, que ocuparam a Alemanha Ocidental.

Com o início da Guerra Fria, essas tropas passaram a fazer parte da Otan, incumbidas da defesa contra uma possível invasão soviética. Uma verdadeira missão em tempos tensos.

Ataques e tensão

Mas nem tudo foram flores por lá. Rheindahlen enfrentou ameaças não só externas, mas também do próprio IRA, o grupo armado que buscava a reunificação da Irlanda. Em 1973, eles realizaram um ataque usando um carro-bomba no estacionamento de um cinema. O explosivo estava programado para detonar ao fim da sessão, mas, por sorte, ninguém se feriu.

Em 1987, a situação foi mais séria: um segundo carro-bomba explodiu próximo ao refeitório e ao centro de convivência dos oficiais, deixando 31 feridos, entre eles 27 alemães ocidentais e quatro britânicos. Um alívio que, apesar dos ferimentos, não resultou em tragédias.

Vida cotidiana na base militar

Apesar dos riscos e da tensão, a vida em Rheindahlen seguia agitada, principalmente durante as décadas de 1960 e 1970. A JHQ Rheindahlen era um verdadeiro microcosmo, com um mercado NAAFI, um posto de gasolina, agências de correio, lojas de roupas e até cinco escolas primárias.

Além disso, lá também haviam livrarias, cafés, bancos, agências de viagens e serviços de saúde. A única escola secundária da área era a Queens School Rheindahlen, que formou gerações de jovens.

Declínio após a Guerra Fria

A queda do Muro de Berlim em 1989 trouxe mudanças drásticas. O fim da Guerra Fria levou à redução do contingente britânico e da Otan, fazendo com que Rheindahlen perdesse sua função estratégica. Em dezembro de 2013, o complexo foi devolvido ao governo alemão, mas planos para transformar o local em abrigos acabaram não saindo do papel.

Em 2015, uma proposta de investidores árabes para criar um parque no local também não avançou, deixando a situação em um vácuo de inatividade.

Cidade fantasma

Hoje, quase 12 anos após o encerramento das atividades, Rheindahlen se tornou uma cidade fantasma. A vegetação tomou conta e o que antes era movimentado agora é cercado por um cenário quase “pós-apocalíptico”. O explorador urbano Colin Hodson visitou o complexo e compartilhou sua experiência através do YouTube, fazendo comparações com a série “The Walking Dead”.

Ele descreveu a sensação de abandono como algo surreal, onde a natureza parece ter se apropriado de tudo. Com menos sinais da presença humana, a cidade exibe poucos grafites e algumas pichações isoladas, como se o tempo tivesse parado ali.

Infraestrutura intacta

Rheindahlen ocupa uma área de 376 hectares e ainda mantém uma infraestrutura impressionante. Existem quarteirões com casas amplas, apartamentos e até espaços destinados ao esporte. Durante o verão, a densa vegetação pode esconder muitos desses edifícios.

Segundo algumas estimativas, a maioria dos imóveis poderia valer milhões de libras esterlinas, tornando o valor total do complexo praticamente “incalculável”.

Possível novo uso da base militar

Recentemente, surgiram planos para que parte de Rheindahlen volte a ser utilizada. A força policial de Vestfália-Renânia está considerando o local como um centro de treinamento militar. A ideia é realizar operações realísticas, como simulações de resgate de reféns, aproveitando as características do espaço.

Enquanto isso, apenas esquilos e cervos parecem estar de fato ocupando esse marco curioso da Guerra Fria na Alemanha, onde a história ainda ecoa entre as estruturas abandonadas.

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