Gelato ganha espaço após falência de rede tradicional de sorvetes

A recente falência da rede de farmácias Rite Aid, que fechou cerca de 500 unidades em outubro de 2024, teve um efeito dominó direto na Thrifty Ice Cream. Isso porque 70% dos pontos de venda da marca estavam dentro dessas farmácias. Essa conexão histórica acabou fragilizando a presença da Thrifty no mercado de sorvetes dos Estados Unidos.
A Thrifty, que nasceu na Califórnia em 1940, ficou famosa não apenas pelos seus sorvetes saborosos, mas também pelo icônico cone quadrado. Delícias como o Pistachio Nut e o Rainbow Sherbet se destacaram por fugir do tradicional baunilha e chocolate. Os balcões de sorvete nas farmácias representavam um verdadeiro ritual familiar, criando laços importantes entre várias gerações de consumidores.
Com o fechamento dessas lojas, muitos desses balcões famosos desapareceram. Assim, a marca teve que se adaptar, dependente agora de supermercados e outros pontos de venda. Embora esses canais alcancem um grande número de pessoas, eles não conseguem reproduzir a mesma conexão emocional do atendimento próximo que os balcões proporcionavam.
Durante o leilão de ativos da Rite Aid, a Thrifty Ice Cream também foi incluída, com sua marca, fábrica e linha de produção. Agora, o futuro da Thrifty pode seguir caminhos diferentes: pode ser adquirida por grupos que queiram manter sua tradição, ter sua fábrica convertida para produzir outros itens ou até mesmo ser descontinuada, caso não haja interesse. Qualquer que seja o destino, as mudanças terão impacto nos fornecedores, trabalhadores e, claro, nos fãs que perderam o encanto das compras no balcão.
Essa transição sinaliza uma era de mudanças no setor, mas também deixa espaço para inovações.
A ascensão do gelato no Brasil
Enquanto a Thrifty enfrenta dificuldades nos EUA, o mercado de gelato no Brasil está em alta. Dados da Abrasorvete revelam que o consumo de gelato no país deve chegar a 438 milhões de litros em 2023, um crescimento de 22,4% em relação ao ano anterior. Com mais de R$ 13 bilhões envolvidos, espera-se que esse número ultrapasse R$ 18 bilhões até 2025.
Esses números mostram uma mudança no comportamento do consumidor brasileiro, que está cada vez mais interessado em qualidade e experiências diferenciadas. O gelato se destaca, especialmente, pela sua textura cremosa e pela variedade de sabores, que frequentemente usam ingredientes locais.
Além disso, o mercado agora oferece opções mais saudáveis, como gelatos com menos açúcar e versões com proteínas. Um exemplo disso é a Sorvetes Frosty, uma das líderes no Nordeste. Com mais de 200 sabores e um foco em saúde, a marca se reinventou e está entre as cinco mais vendidas em supermercados no Brasil.
Globalmente, o mercado de sorvetes está crescendo cerca de 4,1% ao ano, mas o verdadeiro destaque está no segmento premium e artesanal, onde o gelato se encaixa.
Transformação global dos sorvetes tradicionais
Esses cenários tão distintos nos EUA e Brasil revelam duas tendências interligadas. Nos Estados Unidos, a queda da Thrifty demonstra que tradição, sozinha, não garante a sustentabilidade num mercado moderno. Enquanto no Brasil, a ascensão do gelato artesanal mostra que inovação, identidade e saúde são essenciais para o crescimento.
O contexto atual para o gelato no Brasil é favorável. O clima tropical, feiras especializadas e um consumidor mais exigente ajudam a impulsionar o segmento. Essa transformação indica que o mercado de sobremesas geladas está se reconfigurando, onde as formas tradicionais têm que coexistir com modelos mais premium e artesanais.
As marcas antigas precisam encontrar formas de se adaptar, mantendo sua essência. O interesse por inovações e novas experiências continua a aumentar, traçando um novo caminho para o setor de sorvetes.