Caverna no Brasil é Patrimônio Mundial da Unesco com arte rupestre

O Brasil acaba de ganhar mais um tesouro na lista de Patrimônios Mundiais da Humanidade reconhecidos pela Unesco. Desta vez, os holofotes estão voltados para as Cavernas do Peruaçu, localizadas no norte de Minas Gerais. Essa maravilha natural e arqueológica abriga vestígios da presença humana que datam de mais de 12 mil anos.
Um dos maiores complexos subterrâneos do planeta
Entre os municípios de Januária e Itacarambi, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu cobre cerca de 56.500 hectares e é uma região onde se misturam os biomas do Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Imagine só: cânions gigantes, imponentes paredes de rocha calcária, florestas e rios subterrâneos compõem essa paisagem exuberante.
Com mais de 140 cavernas mapeadas, algumas estendendo-se por mais de 6 quilômetros, o Peruaçu é um dos maiores sistemas cavernosos do mundo. A famosa caverna Janelão, por exemplo, impressiona com uma entrada de mais de 100 metros de altura e é lar de um dos maiores painéis de arte rupestre das Américas.
A Unesco reconheceu o local não só pela sua "beleza natural excepcional", mas por ser um exemplo notável das principais etapas da história da Terra, unindo uma geologia fascinante, uma biodiversidade ameaçada e um acervo arqueológico riquíssimo.
Um verdadeiro santuário pré-histórico brasileiro
As paredes dessas cavernas contam histórias da vida dos primeiros habitantes dessa região. Há mais de 1.200 sítios arqueológicos catalogados, com pinturas rupestres que retratam cenas de caça, figuras humanas e símbolos que ainda desafiam a compreensão.
Pesquisas arqueológicas revelam que os primeiros habitantes eram nômades caçadores-coletores, mas também há indícios de que começaram a praticar agricultura, cultivando milho, tabaco e outros grãos. Isso mostra a evolução das suas formas de vida ao longo dos milênios.
Os indígenas xacriabás foram os primeiros a batizar a região de "Peruaçu", que significa “grande vazio”, um nome que reflete os enormes salões subterrâneos esculpidos na rocha calcária.
Biodiversidade e paisagem de tirar o fôlego
Além do grande valor arqueológico, o parque é um cenário ecológico fascinante. Aproximadamente 2 mil espécies de plantas e animais habitam essa área, incluindo espécies ameaçadas como o tatu-canastra, a onça-pintada e o tamanduá-bandeira. A variedade de ecossistemas, que vão de matas densas a áreas mais abertas, bem como os rios e nascentes permanentes, contribui para a rica biodiversidade do local.
Reconhecimento internacional
A oficialização das Cavernas do Peruaçu como Patrimônio Mundial aconteceu no último domingo (13), durante a 46ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, em Paris. Esta candidatura brasileira foi uma das 30 propostas analisadas, que também incluíam castelos na Baviera e sítios arqueológicos no Camarões.
Agora, com essa nova inclusão, o Brasil conta com 24 bens reconhecidos como Patrimônio Mundial, reforçando sua importância na preservação da história da humanidade e da biodiversidade global.
Um destino ainda pouco conhecido
Mesmo com toda essa riqueza, as Cavernas do Peruaçu ainda são um destino turístico pouco explorado. Isso pode mudar com o reconhecimento internacional. O parque está passando por melhorias na infraestrutura, como trilhas, mirantes e centros de visitantes, tudo pensado para garantir a preservação do local.
A expectativa é que essas cavernas se transformem em um polo de turismo sustentável, beneficiando comunidades locais e ajudando a proteger esse patrimônio natural e cultural do Brasil.