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Morre Maria Augusta, autora conhecida por enredos de carnaval

Carnavalesca Maria Augusta Morre aos 83 Anos

A renomada carnavalesca Maria Augusta Rodrigues faleceu na última sexta-feira, aos 83 anos. Sua trajetória no Carnaval começou em 1969, quando, aos 27 anos, deu os primeiros passos na folia carioca. Estudante da Escola de Belas Artes da UFRJ, Maria ajudava o professor Fernando Pamplona a decorar o famoso baile de Carnaval no Copacabana Palace. Após a festa, ela recebeu um convite inesperado de Arlindo Rodrigues para visitar o barracão da escola de samba Salgueiro. Esse convite mudaria o curso da sua vida.

Ao chegar ao barracão, Maria Augusta foi imediatamente encarregada de decorar uma alegoria, uma tarefa que a marcou e iniciou sua carreira como carnavalesca. Reconhecida por sua sensibilidade e criatividade, ela se destacou em um ambiente profundamente dominado por homens, sendo uma das poucas mulheres a deixar uma marca significativa no mundo do Carnaval.

Maria Augusta ficou conhecida como a artista do "luxo na cor", ao contrário do "luxo do brilho," marca de outros grandes nomes do carnaval, como Joãosinho Trinta. Ao lado de Pamplona e Arlindo, ela se tornou uma importante referência, tanto na teoria quanto na prática do design de alegorias e fantasias. Seu trabalho no Salgueiro resultou em três enredos campeões: “Bahia de Todos os Deuses” (1969), “Festa para um Rei Negro” (1971) e “O Rei de França na Ilha de Assombração” (1974).

Nos anos 1970, Maria Augusta deixou o Salgueiro e se juntou à União da Ilha, onde realizou carnavais memoráveis e criativos, apesar de não ter conquistado títulos. Um dos seus enredos mais notáveis, “Domingo” (1977), se destacou pela simplicidade e criatividade, abordando suas experiências de infância no Rio. Ao longo de sua carreira, ela introduziu um estilo caracterizado por um bom equilíbrio entre beleza e acessibilidade, que ficou conhecido como “bom, bonito e barato”.

Em uma de suas lembranças, Maria refletiu sobre a influência do Carnaval em sua vida, afirmando que tinha uma paixão desde a infância, que começou em sua cidade natal, São João da Barra, onde frequentava festas populares e dançava nas ruas. Além de sua profunda conexão emocional com o Carnaval, Maria também teve uma busca espiritual, que se intensificou durante o trabalho no enredo “Bahia de Todos os Deuses,” onde se aprofundou em suas tradições afro-brasileiras.

Ao longo de sua carreira, Maria Augusta trabalhou com diversas escolas, incluindo Paraíso do Tuiuti, Tradição e Beija-Flor, onde, mesmo enfrentando o desafio de substituir um nome emblemático como Joãosinho Trinta, apresentou o enredo “Uni-duni-tê,” que ressaltava sua visão diferente sobre o Carnaval, priorizando a leveza e a simplicidade.

Em 2022, Maria Augusta foi homenageada no 50º Prêmio Estandarte de Ouro, que reconhecia seu papel fundamental na história do Carnaval. Neste ano, foi também tema do enredo da escola mirim Aprendizes do Salgueiro.

Maria Augusta deixa um legado impressionante, tanto na estética do carnaval quanto em seu papel educativo e de inspiradora para futuras gerações, mostrando que a arte do samba e da folia é acessível e pode ser desejada por todos.

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