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Brasil testa trem movido a etanol que corta uso de diesel

Os testes do trem movido a etanol estão avançando rapidamente. A fase inicial das experiências está acontecendo em laboratórios na Europa, onde os pesquisadores estão calibrando motores e analisando a compatibilidade de materiais. O objetivo é descobrir se é possível substituir até 50% do diesel por etanol sem perjudicar o desempenho do trem. Antes de aplicar essa tecnologia nas malhas ferroviárias do Brasil, a segurança operacional é prioridade.

O plano é que essa transição ocorra de forma gradual, até 2028, quando deverão surgir projetos-piloto em rotas comerciais. Os primeiros trechos a receber essa nova tecnologia são aqueles com uma oferta consolidada de etanol, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Essa escolha ajuda a minimizar riscos de abastecimento, enquanto se analisa o consumo de combustível, a potência disponível e as emissões.

O que está em teste

A proposta do trem movido a etanol envolve algumas adaptações no motor a diesel. Os técnicos estão ajustando a injeção, a ignição assistida e o controle de mistura, permitindo que o veículo opere com uma boa proporção de biocombustível. O foco é manter o mesmo torque e confiabilidade que os trens atuais, seja para cargas pesadas ou para passageiros.

Pesquisas indicam que pode ser possível substituir até 50% do diesel por etanol. Esse número vai depender de vários fatores, como altitude, temperatura e características das vias. A meta é aumentar essa substituição sem prejudicar a disponibilidade da frota e sempre respeitando os limites de temperatura e pressão.

Engenharia e adaptações necessárias

Para que o trem movido a etanol funcione, várias adaptações são necessárias. As linhas de combustível precisam de vedações e materiais que sejam compatíveis com o etanol hidratado. Além disso, são necessários mapas de injeção específicos para compensar as diferenças no poder calorífico e na estequiometria em comparação com o diesel.

Para garantir o funcionamento adequadamente, sensores, bombas e bicos estão sendo revalidados. O tanque que atualmente armazena diesel vai ter que ser modificado para garantir uma configuração que permita a alternância segura entre os combustíveis. O gerenciamento eletrônico do motor é crucial e vai coordenar desde a partida até acelerações, tudo isso sem oscilações de potência.

Cronograma e validação de campo

Na fase de testes, os engenheiros estão medindo o consumo, as emissões e a durabilidade dos componentes. Depois, os protótipos vão passar por testes dinâmicos em trilhos, com acompanhamento de telemetria para verificar a força de tração, a temperatura de escape e a estabilidade térmica. A implementação do trem em rotas selecionadas está prevista para ser feita de forma progressiva até 2028, priorizando trechos onde a logística do etanol já está bem estruturada.

Os pilotos foram desenhados para incluir métricas de desempenho, comparando as locomotivas que operam de forma convencional com as que são híbridas.

Abastecimento, logística e segurança

A viabilidade do trem movido a etanol depende de pontos de abastecimento próximos às vias e de procedimentos que garantam a segurança no manuseio do combustível, já que ele é inflamável. O treinamento das equipes e os protocolos de emergência estão sendo tratados desde o início do projeto. Em locais que já têm diesel, uma alternativa segura é criar uma infraestrutura dual, garantindo uma redundância energética.

É importante ter planos de contingência para lidar com variações na qualidade do etanol, para não haver problemas como filtros entupidos ou dificuldades na partida a frio, especialmente em altitudes específicas.

Com a adoção de etanol, o trem tende a gerar uma redução nas emissões, especialmente em regiões onde esse biocombustível é uma opção mais sustentável. O objetivo é diminuir a liberação de material particulado e outros poluentes.

Custos operacionais e disponibilidade

O trem movido a etanol também busca reduzir os custos operacionais. Quando o etanol estiver disponível a um preço competitivo, a ideia é diminuir o custo por tonelada-quilômetro. Essa análise econômica vai considerar o preço relativo dos combustíveis, a produtividade do trem, as manutenções e a vida útil dos componentes que foram adaptados.

Indicadores importantes incluem o consumo específico do trem, a disponibilidade da frota e o custo de manutenção a cada mil quilômetros. A ideia é que a padronização dos kits e procedimentos ajude a reduzir custos após os primeiros desafios, preservando os trens atuais e evitando gastos excessivos na compra de novas locomotivas.

Desafios e próximos passos

Os principais desafios que a equipe enfrenta são a durabilidade dos componentes, a consistência no abastecimento e a homologação regulatória necessária para que o trem possa operar comercialmente. Os testes precisam mostrar que o desempenho é equivalente em condições mais exigentes, como em longas subidas ou em diferentes climas.

Após essa fase de testes, o próximo passo será a assinatura de contratos para o abastecimento de etanol, a engenharia dos locais que irão abastecer os trens e os programas de treinamento para os maquinistas e as equipes de manutenção.

O sucesso desse projeto poderia abrir portas para a aplicação do etanol também em trens de passageiros, garantindo conforto e reduzindo ruídos.

O trem movido a etanol representa uma alternativa viável para reduzir o uso de diesel sem comprometer a eficiência, aproveitando a abundância desse biocombustível no Brasil e fazendo pequenas adaptações de engenharia. A validação do desempenho e da logística nos trechos certos será fundamental para o crescimento desse projeto.

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