A família mais rica do Brasil e sua influência no nióbio

A história da família Moreira Salles, conhecida como a mais rica do Brasil, é fascinante e vai além do mundo bancário. Eles têm raízes bem modestas, começando em Poços de Caldas, Minas Gerais, onde tudo começou com a abertura de uma pequena loja em 1919. João Moreira Salles vendia de tudo, desde tecidos até ferragens, e tinha um olhar atento para os agricultores de café, oferecendo crédito a eles. Esse foi o primeiro passo que deu origem ao que entenderíamos como um banco.
Em meio à crise de 1929, ao contrário de muitos que quebraram, João se manteve firme. Essa visão empreendedora pavimentou o caminho para o que mais tarde se tornaria o Unibanco, um dos grandes bancos do Brasil.
Origens em Minas Gerais
A história da família começou de forma simples, mas com uma inteligência financeira impressionante. A loja de secos e molhados fundada por João se transformou em uma instituição financeira. Em 1924, a prática de oferecer crédito evoluiu para a abertura de uma seção bancária. Essa base sólida ajudou os Moreira Salles a se destacarem no cenário econômico.
O Unibanco e a liderança de Walter Moreira Salles
Nos anos 40, Walter Moreira Salles assumiu o comando e foi um verdadeiro visionário. Ele não apenas expandiu o Unibanco, como também se tornou embaixador e ministro da Fazenda. Era um tempo em que o banco começou a se diversificar e inovar, trazendo novos produtos ao mercado, como os chamados units.
Nos anos 1990 e 2000, o Unibanco já competia com gigantes como Itaú e Bradesco. Em 2008, uma fusão com o Itaú criou um mega banco com ativos de R$ 575 bilhões, colocando a família em uma posição ainda mais forte no setor financeiro.
O império do nióbio e a CBMM
Se o banco trouxe estabilidade, o nióbio trouxe um diferencial importante. Nos anos 60, Walter comprou a CBMM, em Araxá, que hoje deve sua fama ao fato de produzir 85% do nióbio do mundo. Esse mineral é crucial para diversas indústrias, desde turbinas de avião até baterias de carros elétricos. Com um faturamento superior a US$ 4 bilhões por ano, a CBMM mantém o Brasil no topo desse mercado. Mesmo com consórcios estrangeiros adquirindo pequenas participações, a família ainda controla a empresa.
Discrição e poder cultural
Diferente de outras famílias ricas no Brasil, os Moreira Salles preferem manter um perfil discreto. Eles são conhecidos principalmente pelo Instituto Moreira Salles, um espaço cultural com filiais em várias cidades, que promove arte e história. Os filhos de Walter também se destacam na cultura, com João como documentarista e o próprio Walter ganhando o Oscar em 2024.
Essa estratégia ajuda a equilibrar a imagem de uma família com um grande império financeiro e minerador, projetando um lado filantrópico e sofisticado. A trajetória dos Moreira Salles ilustra como é possível unir finanças e mineração em um poder que, embora discreto, tem impacto significativo.
Seu controle sobre o Itaú e o mercado de nióbio dá a eles uma influência que se estende sobre governos e mercados, além de moldar a cultura brasileira.