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Hóspede cria criptofazenda em Airbnb e gera conta de R$ 8 mil

A recente história de uma anfitriã dos Estados Unidos gerou um bom debate sobre regras de hospedagem e o consumo de energia. Ashley Class, dona de um imóvel listado no Airbnb, ficou chocada ao receber uma conta de luz que beirava os US$ 1.500 (cerca de R$ 8 mil) após a estadia de um hóspede que, segundo ele mesmo, lucrou US$ 100 mil minerando criptomoedas durante as três semanas que passou na casa.

Ashley decidiu investigar e analisou imagens das câmeras de segurança. O que encontrou? Pelo menos 10 rigs de mineração sendo carregados pelos hóspedes. Após contatar o Airbnb e o hóspede, ela conseguiu recuperar os custos.

Esse caso levantou alertas entre outros anfitriões sobre o uso excessivo de recursos em locações de curta duração. Como resultado, Ashley implementou novas regras na sua propriedade, incluindo a proibição de mineração de criptomoedas e do uso de carregadores para carros elétricos.

Prova e ressarcimento no Airbnb: como funciona e quando usar

Quando itens como esses acontecem, o ponto de partida costuma ser o Resolution Center do Airbnb. Essa ferramenta permite solicitar ou enviar dinheiro entre anfitriões e hóspedes. Nele, o anfitrião registra seu pedido, incluindo valor, anexos e uma explicação detalhada do motivo pelo qual está cobrando. Tem que ficar esperto, pois o prazo para fazer esses pedidos é de até 60 dias, e existem regras específicas para cobrir danos.

Em casos de custos adicionais relacionados ao comportamento do hóspede, o anfitrião deve documentar tudo — isso inclui fotos, vídeos e faturas — e abrir a solicitação em um prazo de até 14 dias após o check-out. O hóspede também precisa responder rapidamente; se não se manifestar, o anfitrião pode usar o plano de Host Damage Protection como uma forma de garantia.

É muito importante que anfitriões deixem regras claras e sejam transparentes na hora de fazer cobranças. No caso de Ashley, foi a documentação que levou à quitação da fatura pelo hóspede. Assim, a dica aqui é: registre tudo! Detalhe suas regras e sempre trabalhe dentro dos sistemas do Airbnb para preservar um histórico que proteja seus interesses.

Mineração de criptomoedas gasta muita energia

Para entender a magnitude do que aconteceu, considere que um ASIC Antminer S19 Pro, um dos computadores usados para minerar criptomoedas, consome cerca de 3,25 kW. Se dez desses computadores funcionassem 24 horas por dia durante 21 dias, seriam mais de 16 mil kWh consumidos. E com tarifas residenciais na Carolina do Norte variando entre US$ 0,13 e US$ 0,16 por kWh, isso resultaria em milhares de dólares de conta.

Por outro lado, rigs de GPU têm um consumo menor. Uma RTX 3080, por exemplo, consome em torno de 220 a 230 W para minerar. Se um rig com seis dessas placas estivesse em uso, o consumo total ficaria entre 1,3 e 1,5 kW. Se dez rigs operassem assim por 21 dias, a conta poderia ultrapassar US$ 1.000 e chegar até US$ 1.500, dependendo das tarifas locais. Essa conta faz total sentido ao considerar o valor que Ashley recebeu.

A mineração em casa é uma atividade extremamente intensiva em eletricidade e, se o custo da energia está embutido no preço do aluguel pelo Airbnb, as despesas podem rapidamente sair do controle.

O que mudar nas regras do anúncio: energia, carregadores de EV e atividades proibidas

Uma boa prática é deixar claro no seu anúncio quais atividades são proibidas, especialmente aquelas que consomem muito energia, como mineração de criptomoedas e uso de carregadores para veículos elétricos sem autorização. Isso evita confusões e ajuda a evitar custos inesperados.

Outra sugestão é incluir cláusulas sobre cobrança por consumo excessivo, sempre respeitando as leis locais e as políticas do Airbnb. Quando o hóspede já sabe o que esperar, fica muito mais fácil evitar desentendimentos.

Lições para o Brasil: como hosts e hóspedes podem se proteger

Para os anfitriões brasileiros, as boas práticas são semelhantes. É fundamental detalhar as regras sobre uso de energia, atividades proibidas e manter toda a comunicação e cobrança pelo sistema do Airbnb. Documentar tudo com notas, fotos e faturas é essencial para ter argumentos sólidos em caso de disputas.

Além disso, é importante definir limites sobre o que está incluído no valor das utilidades e quais exceções existem. Com provas e regras bem definidas, pedidos de ressarcimento tendem a ser mais rápidos e eficazes.

Por último, a educação dos hóspedes também faz a diferença. Um aviso sobre o consumo responsável disponível antes do check-in pode ajudar muito. E se algo sair do normal, não hesite em abrir um caso no Resolution Center dentro dos prazos estabelecidos. Mantendo a transparência e registrando as evidências, você pode evitar que uma reserva te traga mais dores de cabeça do que lucros.

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