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Submarinos nucleares usam urânio-235 para longas jornadas

Submarinos nucleares são, sem dúvida, uma das criações mais impressionantes da engenharia militar moderna. Esses gigantes dos mares conseguem operar entre 20 e 30 anos com apenas alguns quilos de **urânio-235** enriquecido a 90%. Isso mesmo, você não leu errado! Parece coisa de filme de ficção científica, mas essa é a realidade dessas máquinas poderosas.

Diferente da maioria dos veículos que precisam de abastecimento constante, esses submarinos têm um reator que é praticamente do tamanho de uma pequena sala, mas que fornece energia suficiente para manter tudo funcionando por décadas. Para se ter uma ideia, esse núcleo atômico gera cerca de **24 milhões de kWh por quilograma de combustível**, o que poderia abastecer uma cidade inteira por meses. E, melhor ainda, tudo isso acontece escondido sob as águas do oceano.

O coração invisível dessas máquinas

O real motor desses submarinos não é apenas um motor convencional, mas um reator silencioso e eficiente. No seu interior, o **urânio altamente enriquecido** passa por um processo de fissão controlada. Cada átomo quebrado libera uma quantidade imensa de energia térmica, aquecendo água que se transforma em vapor, responsável por mover turbinas ligadas a geradores e sistemas de propulsão.

O sistema funciona de forma fechada, protegido por camadas de aço e chumbo. Do lado de fora, não há sinais de que um gigante está ali. Essa capacidade de se manter oculto torna o submarino nuclear uma das armas mais letais do mundo, pois ele pode ficar meses ou até anos submerso, navegando milhares de quilômetros sem ser detectado.

Uma força invisível capaz de mudar o rumo de uma guerra

Ter submarinos nucleares significa que um país pode se mover por áreas estratégicas do planeta sem ninguém perceber. Eles cruzam continentes, monitoram áreas defensivas e, no caso dos submarinos balísticos, podem carregar mísseis nucleares intercontinentais prontos para serem lançados. Esses mísseis, escondidos nas profundezas do oceano, fazem parte da “**tríade nuclear**”, que inclui também silos em terra e bombardeiros aéreos.

É difícil superar a combinação de **autonomia, furtividade e poder de dissuasão** que os submarinos nucleares oferecem. Enquanto submarinos movidos a diesel precisam frequentemente emergir para reabastecer e renovar o oxigênio, os nucleares podem literalmente desaparecer sob a água e voltar à superfície quando desejam. Por isso, são considerados tanto uma última linha de defesa quanto um ataque silencioso, dependendo da estratégia do país.

Engenharia de outro mundo

Incorporar um reator nuclear em uma embarcação submersa é um dos grandes desafios da engenharia contemporânea. Esses reatores são menores do que os usados em usinas, mas a segurança e precisão necessária é ainda maior. Uma falha a bordo pode ser devastadora.

O urânio utilizado nesses reatores é altamente enriquecido— uma qualidade que geralmente só encontramos em armamentos nucleares. Isso garante uma alta densidade energética e reduz a necessidade de recargas. O combustível pode durar mais de 25 anos sem manutenção externa, permitindo missões ininterruptas ao longo de décadas.

Apesar disso, os sistemas são extremamente seguros. A maioria dos reatores navais modernos possui múltiplos sistemas de contenção, automação e refrigeração redundante. Além disso, toda a estrutura dos submarinos é projetada para suportar a pressão do fundo do mar, impactos e até ataques inimigos.

Quem tem acesso a essa tecnologia?

Atualmente, apenas seis países têm submarinos nucleares: **Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França** e **Índia**. Esses países dominam tanto o enriquecimento de urânio quanto a construção de embarcações militares de alto nível. E tudo isso vem com um custo alto.

Para se ter uma ideia, um submarino da classe **Virginia**, dos EUA, pode custar mais de **US$ 3 bilhões**. Já um submarino da classe **Borei**, da Rússia, pode sair por aproximadamente **US$ 1,7 bilhão**. Contudo, esse investimento se reverte em poder geopolítico, dissuasão militar e capacidade de ataque global.

O Brasil, por sua vez, está dando passos para se integrar a esse grupo seleto. Com o projeto do submarino **Álvaro Alberto**, parte do programa **ProSub**, o país planeja lançar sua primeira embarcação nuclear nesta década. Se tudo ocorrer como planejado, será a primeira nação da América do Sul a operar um submarino com esse nível de autonomia e capacidade.

A máquina perfeita para a guerra moderna

Olhando para o futuro, parece que a guerra silenciosa ganhará cada vez mais importância. Drones, mísseis hipersônicos e inteligência artificial estão em alta, mas os submarinos nucleares continuam sendo as ferramentas mais difíceis de detectar e neutralizar.

Pense em uma embarcação que pode se esconder no fundo do oceano por anos, capaz de causar destruição a milhares de quilômetros com um único comando — e depois desaparecer sem deixar rastro. É isso que um submarino nuclear representa.

Sem dúvida, eles são a face mais fria e calculista do poder militar atual, invisíveis, constantes e letais.

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