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Robô com inteligência artificial pode remover órgãos sem humanos

A tecnologia está avançando de forma surpreendente, e a ciência está desbravando novos caminhos. Recentemente, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins atingiram um feito inesperado. Um robô treinado com inteligência artificial conseguiu realizar uma cirurgia de remoção da vesícula biliar em um animal vivo, completamente de forma autônoma, sem nenhum contato humano. É como se tivéssemos entrado em um filme de ficção científica, mas o que antes parecia distante já é uma realidade em laboratórios.

Esse avanço incrível começou lá em 2022, com o robô chamado STAR (Smart Tissue Autonomous Robot). Nessa época, ele fez sua estreia em uma operação minimamente invasiva: costurou intestinos de um porco sob supervisão humana. Embora esta versão ainda dependesse da orientação dos médicos, a precisão do robô fez com que muita gente ficasse impressionada. A analogia feita pelos cientistas para explicar a dificuldade dessa tarefa foi divertida: ensinar um robô a dirigir em uma estrada sem placas, mas com faixas desenhadas. Com isso, o STAR precisou operar apenas em ambientes bem controlados.

O Robô que Fez História

Já em 2024, as coisas evoluíram ainda mais. Agora, a equipe apresentou o SRT-H (Surgical Robot Transformer-H), um robô que não requer a supervisão direta de um ser humano para a operação. Baseado em dados coletados de cirurgias de verdade, imagens anatômicas e até feedback de voz, o SRT-H conseguiu realizar a remoção da vesícula de um porco vivo por conta própria. O porco foi escolhido por ter uma anatomia relativamente semelhante à humana, que facilita os testes.

Durante a cirurgia, os cientistas criaram situações inesperadas, como encher a barriga do animal com sangue ou mudar o ângulo das câmeras. E o robô não se deixou abalar — adaptou seus movimentos em tempo real, respondendo a comandos simples com a mesma precisão de um cirurgião experiente. Essa capacidade de se adaptar a imprevistos foi descrita pelo professor Axel Krieger, líder do projeto, como uma verdadeira revolução na área.

A Mente do Robô Cirurgião

Mas como essa inteligência artificial consegue agir com tanta eficiência? O SRT-H começou a aprender a partir de um método chamado aprendizado por reforço, onde foi exposto a um grande volume de dados clínicos, incluindo vídeos de cirurgias. Essa “intuição cirúrgica” permite ao robô tomar decisões em frações de segundo, levando em conta padrões visuais e texturas dos tecidos.

Diferente de sistemas de robótica que precisam do controle do cirurgião, como o Da Vinci, o SRT-H se destaca por sua interatividade. Ele está sempre aprendendo e se adaptando ao ambiente, ajustando sua técnica cirúrgica de acordo com as informações que recebe.

Questões Éticas em Debate

Esse enorme avanço, contudo, não veio sem preocupações. A realização de uma cirurgia sem qualquer intervenção humana acendeu um alerta na comunidade médica e ética. Questões sobre a responsabilidade em caso de erro, ou se devemos confiar em máquinas para decisões tão críticas, estão no centro do debate. Os especialistas já alertaram sobre os riscos de uma automação precoce em situações onde vidas estão em risco, principalmente em lugares onde as regulamentações não são muito rigorosas.

O Futuro Ainda é Um Mistério

Embora o uso de robôs em cirurgias em humanos ainda esteja a alguns passos de se tornar realidade, muitos viram a chegada desta nova era com otimismo. A expectativa é que esses robôs cirurgiões se tornem ferramentas confiáveis e acessíveis, particularmente em locais onde não há médicos disponíveis, como em cenários de desastres ou até em guerras.

E o SRT-H não é o único exemplo. Já existem outras aplicações médicas com inteligência artificial que fazem maravilhas, como assistentes que ajudam no registro clínico e algoritmos que prevêm mutações genéticas.

Para muitos, a introdução de robôs na medicina é uma questão de tempo. Mas para outros, traz à tona o medo de substituir o julgamento humano por máquinas que, por mais capacitadas que sejam, podem não compreender toda a complexidade da vida. O fato é que, ao permitir que um robô retire um órgão de um ser vivo, a linha entre humano e máquina ficou um pouco menos clara.

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