Novo documento revela: Titanic realmente era inafundável?

Por mais de um século, o Titanic é ligado a uma ideia que não sai da cabeça de ninguém: a de que o navio era “inafundável” antes de seu trágico naufrágio. Essa crença se solidificou logo após o desastre, quando jornais estamparam manchetes, como no caso do The New York Times, afirmando que a White Star Line havia garantido que o navio não afundaria. Mas será que essa ideia já circulava antes da viagem inaugural?
Nos últimos anos, vários estudiosos têm questionado essa narrativa. Muitos acreditam que o termo só se popularizou depois da tragédia. No entanto, um documento de 1911, pouco conhecido, pode mudar nossa visão sobre isso e revelar novos detalhes.
Um termo que ganhou força depois do naufrágio
O Titanic partiu de Southampton em 10 de abril de 1912 e afundou na madrugada do dia 15 após colidir com um iceberg. Desde então, se tornou um símbolo da soberania humana frente à natureza, com a ideia do navio inafundável sendo repetida por décadas. Em 1999, o professor Richard Howells da Universidade de Leeds declarou que o Titanic nunca havia sido realmente descrito dessa maneira antes do desastre.
Howells comentou: “É improvável que as pessoas pensassem no Titanic como um navio único e inafundável antes de sua viagem inaugural”. Quando a notícia do naufrágio chegou, tudo mudou — parecia que todo mundo tinha sempre acreditado em sua inafundabilidade.
Essa visão é corroborada por instituições como o Royal Museums Greenwich, que afirmam que o Titanic nunca foi rotulado como "inafundável" até depois de seu afundamento. Até a Wikipédia reforça essa ideia, esclarecendo que esse conceito emergiu apenas na esteira da tragédia.
Documento de 1911 revela uma outra história
Apesar dessa narrativa predominante, o documento de 1911 traz um contexto intrigante. Em sua descrição, fala sobre o Titanic e seu irmão, o Olympic, afirmando que ambos foram “projetados para serem inafundáveis”. O historiador Joshua Allen Milford acredita que o público já nutria essa ideia antes da viagem inaugural do Titanic. Ele aponta que um incidente com o Olympic em 1911, que colidiu com o HMS Hawke mas não afundou, reforçou essa concepção.
“Quando o Olympic colidiu e se manteve à tona, a teoria da inafundabilidade se fortaleceu para o futuro Titanic”, comentou Milford. Isso pode ter elevado as expectativas e até ajudado nas vendas de ingressos.
“Praticamente inafundável” era a expressão comum
A empresa Harland & Wolff, responsável pela construção dos dois navios, também utilizou expressões como “praticamente inafundáveis”. O periódico especializado The Shipbuilder empregou a mesma linguagem durante a fase inicial de construção. Milford acredita que o documento de 1911, que menciona os navios, foi publicado nesse periódico. Isso sugere que a imagem do Titanic estava sendo formada com base em promessas de segurança exageradas.
Outros veículos também corroboraram essa ideia. Um artigo de junho de 1911 publicado pelo Irish News e pelo Belfast Morning News, durante o lançamento do casco do Titanic, descreveu o sistema de compartimentos estanques e concluiu que o navio era “praticamente inafundável”.
A fala do próprio capitão reforça a ideia
A noção de segurança absoluta também foi defendida pelo capitão Edward Smith. Em 1907, ele declarou: “Não consigo imaginar nenhuma condição que possa causar o naufrágio de um navio”. Ele já acreditava que, com as inovações da construção naval, os novos navios, como o Titanic, estavam além de qualquer perigo real.
O naufrágio que desmentiu a crença
Entretanto, a tragédia veio para desmentir essa confiança excessiva. Na viagem inaugural rumo a Nova York, o Titanic transportava 2.224 pessoas. Às 23h40 do dia 14 de abril de 1912, colidiu com um iceberg. O impacto rompeu vários compartimentos estanques que, apesar de serem uma inovação, não eram altos o suficiente para evitar o desastre quando invadidos em sequência. Às 2h20 da manhã, o navio afundou.
Mais de 1.500 pessoas perderam a vida, incluindo alguns dos homens mais ricos da época. Apenas cerca de 700 sobreviveram, resgatados horas depois pelo RMS Carpathia.
Estrutura luxuosa e segurança limitada
O Titanic foi apresentado como o maior e mais moderno navio de passageiros. Ele tinha piscina, academia, bibliotecas e restaurantes, tudo a um nível de luxo invejável. No entanto, havia uma falha importante: o número de botes salva-vidas era insuficiente. Isso se deu por conta de normas de segurança marítima que já estavam desatualizadas. A confiança exagerada na tecnologia do navio pode ter contribuído para negligenciar essas medidas.
Descoberta dos destroços e impacto cultural
Somente em 1985, os destroços do Titanic foram encontrados no fundo do mar, em dois pedaços. Essa descoberta reacendeu o interesse global pela história e desde então, livros, filmes e documentários ajudaram a fixar a imagem do Titanic como “o navio inafundável que afundou”.
Agora, com o documento de 1911 em mãos, essa imagem deixa de ser apenas um mito popular e ganha uma nova perspectiva.
A última revelação
Mais de cem anos após o naufrágio, o documento de 1911 mostra que a ideia do Titanic como inafundável já existia antes da tragédia. Mesmo que essa palavra não tenha sido usada oficialmente em todas as divulgações, há evidências de que tanto o Titanic quanto seu irmão foram apresentados como navios com segurança acima da média.
Esse detalhe revela um pouco mais sobre como o público via o Titanic antes do fatídico evento e como a confiança excessiva pode ter moldado decisões com consequências trágicas.