Cuba admite erros internos e reconhece sanções dos EUA

O governo de Cuba comemorou no dia 26 de julho uma data emblemática da Revolução Cubana, reconhecendo tanto a crise econômica que o país atravessa quanto as dificuldades enfrentadas pela população. O primeiro-ministro Manuel Marrero informou que as sanções impostas pelos Estados Unidos têm um impacto significativo em diversos setores da sociedade cubana. Contudo, ele também admitiu que existem “erros” na gestão interna que têm contribuído para a atual situação.
Durante seu discurso, Marrero destacou a permanência das sanções como uma forma de agressão que afeta a vida dos cidadãos. “Reconhecer isso não significa que devemos ficar parados ou atribuir todos os nossos problemas ao bloqueio”, afirmou. O evento aconteceu em Ciego de Ávila, a cerca de 400 quilômetros da capital, Havana, e contou com a presença de milhares de cubanos. Essa celebração marca o Dia Nacional da Rebeldia Cubana, que rememora o Assalto ao Quartel Moncada em 1953, o início da luta revolucionária.
Marrero também abordou os desafios internos, mencionando que o governo deve enfrentar problemas relacionados a “erros e deficiências” com esforços próprios. Um dos principais problemas citados foi a recorrência de apagões de energia, que afetam especialmente a população do leste de Cuba e impactam a economia local. Esses cortes de energia têm se tornado um desafio urgente para a administração cubana.
Não é a primeira vez que o governo cubano admite que enfrenta dificuldades em melhorar as condições financeiras da população. Relatórios recentes mostraram que a economia da ilha teve uma queda de 1,1% no último ano, acumulando uma perda de 11% no Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos cinco anos. Diante disso, Marrero fez um apelo à população para que confie nas autoridades, que buscam soluções que mantenham o caráter socialista do modelo econômico cubano.
As sanções dos Estados Unidos, que aumentaram durante o governo de Donald Trump entre 2017 e 2021, incluem restrições a viagens, envio de remessas e até mesmo a atuação de empresas que tentam negociar com Cuba. Essas medidas visam promover uma mudança no modelo político do país, que é considerado pouco alinhado aos interesses americanos.
Por outro lado, críticos do governo cubano apontam que a administração não tem sido suficientemente eficaz na implementação de reformas, o que poderia ajudar a resolver questões como a crescente dolarização da economia, a perda do poder de compra dos salários, a escassez de produtos e a baixa produtividade no setor agrícola.