Construir 40% mais barato com mão de obra especializada

A ideia de construir uma casa como se estivesse montando um brinquedo têm atraído muitas pessoas no Brasil. Os chamados "tijolos ecológicos" ou blocos modulares de encaixe, que lembram os famosos Lego, prometem facilitar o processo de construção, tornando-o mais rápido e limpo. Contudo, essa facilidade vem com sua dose de complexidade. A verdade é que a eficiência do sistema depende muito da habilidade da mão de obra.
Diferente da alvenaria tradicional, onde pequenos erros podem ser corrigidos com camadas de massa, o sistema modular exige precisão. Se as peças não forem manipuladas com cuidado, a obra pode se tornar um verdadeiro desafio logístico. Um detalhe importante é que, mesmo sendo muitas vezes classificados como “sem função estrutural”, esses blocos atuam como formas para a estrutura real da casa. Um trabalho mal feito pode transformar o sonho de uma construção rápida em uma grande dor de cabeça.
O paradoxo da economia: por que custa menos?
Uma questão que muitas pessoas se fazem é como um bloco, que pode ser mais caro que um tijolo cerâmico, pode resultar em uma economia de até 40% na obra. A resposta não está no preço unitário, mas sim na eliminação de várias etapas do processo de construção.
Pesquisas mostram que, com esse sistema, não é preciso ter caixarias de madeira para pilares e vigas. Além disso, a necessidade de chapisco e reboco grosso é eliminada, o que reduz a quantidade de entulho gerado. O bloco geralmente já vem com acabamento, precisando apenas de um impermeabilizante ou uma fina camada de gesso para ficar perfeito.
A verdade estrutural: o mito da “obra sem argamassa”
É verdade que o sistema não utiliza “argamassa de assentamento” entre os blocos. Contudo, chamá-lo de “obra seca” pode ser enganoso. A estrutura da casa é feita com concreto armado, que fica escondido dentro das paredes.
Conforme especialistas explicam, a resistência das paredes não vem apenas do encaixe dos blocos, mas do uso de graute e vergalhões de aço que são posicionados nos furos dos tijolos. Esses elementos formam "microcolunas" internas, interligadas por cintas de concreto. Portanto, mesmo com uma construção que parece mais simples, ainda se utiliza cimento, areia e brita – só que de maneira mais eficiente, focando na estrutura.
O fator humano: a fragilidade do encaixe
Um dos pontos mais críticos desse sistema é a fragilidade logística, algo que muitas vezes não aparece nas propagandas. Construtores e ex-fabricantes comentam que as partes que permitem o encaixe "macho-fêmea" podem quebrar facilmente durante o transporte ou manuseio inadequado.
Quando uma peça se quebra, ela perde sua função de alinhamento, o que pode afetar a estética da parede ou até resultar em desperdício, aumentando os custos. Aqui entra a importância de uma equipe bem treinada: profissionais sem experiência podem acabar quebrando muitas peças, anulando a rapidez e a economia que o sistema promete.
Agora, imagine o que você escolheria: confiar em um método inovador para a construção da sua casa ou optar pela forma tradicional? É uma escolha que pode ter impacto direto na sua obra e no seu bolso.



