Cidade do interior no Nordeste se destaca em relação às capitais

Durante muito tempo, o interior do Nordeste ficou à sombra das grandes decisões e do desenvolvimento. Muita gente pensava que essa região era escassa em infraestrutura e oportunidades. Mas Feira de Santana, na Bahia, vem mostrando que essa visão ficou para trás.
Originalmente, a cidade era apenas um ponto de apoio entre Salvador e o sertão. Agora, ela se destaca como o maior município do interior do Nordeste, superando até mesmo a população de pelo menos oito capitais brasileiras.
Essa evolução não foi mágica; ela envolve história, migração, instalação de indústrias, rodovias e uma série de transformações que mudaram o cenário local. O mais interessante é que tudo isso ocorreu em um espaço de tempo impressionantemente curto, se comparado ao crescimento típico de outras cidades pelo Brasil.
Crescimento acelerado e populacional
Hoje, Feira de Santana conta com cerca de 657.948 habitantes, segundo estimativas do IBGE de 2024. Isso a coloca à frente de lugares como Cuiabá, Porto Velho, Macapá, Florianópolis, Vitória, Boa Vista, Rio Branco e Palmas. Ou seja, é uma cidade do interior que possui mais moradores do que várias capitais do nosso país.
Esse crescimento não aconteceu por acaso. Tudo começou há cerca de 50 anos, quando Feira de Santana se consolidou como um centro industrial, especialmente após a criação do Centro Industrial do Subaé (CIS). Esse polo industrial não só trouxe empresas de diferentes setores, mas também atraiu uma multidão de trabalhadores de vários estados nordestinos em busca de oportunidades.
Um polo de migração dentro da Bahia
A instalação das indústrias transformou Feira de Santana de uma simples cidade de passagem em um verdadeiro destino. Migrantes de Sergipe, Pernambuco, Alagoas e de várias partes da Bahia começaram a se instalar na cidade, atraídos pela promessa de empregos e melhor qualidade de vida. Muitos que vieram apenas para trabalhar acabaram decidindo ficar.
Essa onda de migração fortaleceu a economia local, aumentou a demanda por serviços e impulsionou o comércio. A cidade passou a apresentar características de uma capital, mesmo não sendo uma: novos bairros surgiram, as avenidas se alargaram, e surgiram centros comerciais, universidades, shoppings e hospitais.
Um dos maiores entroncamentos rodoviários do Brasil
Outro aspecto que ajudou a consolidar Feira de Santana como uma potência regional é sua localização estratégica. Ela está no cruzamento de três rodovias federais importantes: a BR-101, a BR-116 e a BR-324. Além disso, é cortada por pelo menos seis rodovias estaduais, facilitando o acesso a quase todos os cantos da Bahia e para outros estados do Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
Graças a isso, Feira é reconhecida como o maior entroncamento rodoviário do Norte e Nordeste, ficando atrás apenas de São Paulo. Essa posição estratégica é vital para o transporte de cargas e passageiros, além de contribuir para o abastecimento de diversas regiões. O intenso tráfego também atraiu centros de distribuição, postos de combustíveis e empresas de logística, estimulando ainda mais a economia local.
Uma cidade de interior com estrutura de capital
Apesar de não ser uma capital, Feira de Santana exibe uma estrutura comparável às maiores cidades do Brasil. Lá, você encontra universidades, hospitais regionais, centros comerciais modernos, parques industriais e uma vida cultural vibrante.
A cidade é famosa pela Micareta de Feira, uma das maiores festas fora de época do Brasil, que não só anima a população, mas também atrai turistas e movimenta a economia local. Nos últimos anos, Feira de Santana consolidou sua posição como um verdadeiro polo na região centro-norte da Bahia, oferecendo serviços essenciais de saúde, educação e comércio para os municípios vizinhos.
Uma potência em constante transformação
A história de Feira de Santana ilustra perfeitamente como o interior do Brasil pode se desenvolver rapidamente com investimentos adequados e infraestrutura. O município conseguiu deixar sua história de ponto comercial para se afirmar como referência em indústria, mobilidade e qualidade de vida.
Claro, a cidade ainda enfrenta desafios, como qualquer grande metrópole brasileira. Mas Feira de Santana é uma prova de que o interior nordestino não está mais atrelado à imagem de atraso. É um espaço repleto de oportunidades e esperança para milhares de pessoas que, um dia, chegaram com pouco e hoje chamam esse lugar de lar.
Essa trajetória começou com um impulso industrial há cerca de 50 anos, um marco que mudou para sempre o futuro da cidade mais populosa do interior do Nordeste.