Cidade de diamantes agora enfrenta o esvaziamento populacional

Ao olhar pela janela e notar os detalhes que antes passavam despercebidos, podemos descobrir uma cidade tranquila, quase parada no tempo. É isso que encontramos em Igatu, na Bahia. No final do século XIX, essa cidade tinha mais de 10 mil habitantes devido ao ciclo de exploração de diamantes e, com isso, a presença de cassinos e mansões a fez lembrar um pouco o velho-oeste americano.
Passado e presente
Com o esgotamento das minas, a população de Igatu começou a diminuir, e hoje restam cerca de 300 moradores. Esses habitantes tentam manter a cidade viva através do turismo, que é atraído pelas ruínas e pela aura misteriosa do lugar. Igatu recebeu o curioso título de “Machu Picchu brasileiro”, com seu aspecto sombrio que a faz parecer uma cidade perdida.
No famoso Manuscrito 512, um documento guardado na Biblioteca Nacional, Igatu é mencionada, cercada por histórias intrigantes de moradores e visitantes que dizem ter visto luzes estranhas. Essas luzes, segundo relatos, vagavam pelas ruas e montanhas, e algumas pessoas acreditam que elas entravam nas casas e levavam os moradores embora.
Esse clima enigmático inspirou produções cinematográficas como Abril Despedaçado (2001) e Besouro (2009), reforçando a fama de Igatu como um lugar encantador e cheio de mistério. Seu passado é uma lembrança de glória, enquanto o presente vive no silêncio. A cidade, outrora cheia de vida e comércio, agora reflete uma era de excessos.
Hoje, o turismo é a principal fonte de renda para os habitantes de Igatu, que alimentam ainda mais essa aura de mistério. A paisagem é quase mágica, e o imaginário popular sobre a cidade vai tecendo lendas que atravessam gerações. Os poucos moradores restantes simbolizam a rica história de Igatu, que mais do que um simples destino turístico, representa um marco do contraste entre riqueza e abandono.
A trajetória da cidade nos faz pensar sobre ciclos econômicos e a evolução das comunidades. Mais do que isso, as memórias e as histórias preservadas por seus habitantes ajudam a manter viva a identidade de um lugar que, apesar de esquecido por muitos, ainda tem muito a contar.