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Brasil registra recorde de baixa natalidade com 1,55 filho por mulher

A maternidade tem ganhado novos contornos no Brasil. O último Censo do IBGE revelou que a taxa de fecundidade no país caiu para 1,55 filho por mulher, a menor da nossa história. Esse número é bem abaixo do que seria necessário para manter a população, que é de 2,1 filhos. Isso leva a um cenário onde, sem uma imigração significativa, o Brasil pode enfrentar um futuro com uma população mais envelhecida e até em declínio.

Mais estudo, menos filhos

Essa mudança não é de agora. Desde a década de 1960, quando as brasileiras tinham em média 6,28 filhos, a taxa vem diminuindo. Junto a isso, vimos transformações culturais e sociais, como o adiamento da maternidade. Em 2000, a idade média para se tornar mãe era de 26,3 anos. Já em 2022, esse número subiu para 28,1 anos. Para quem tem ensino superior, a média de idade da primeira gestação é ainda maior: 30,7 anos.

Izabel Marri, do IBGE, comenta que isso se reflete no maior acesso a educação, ao mercado de trabalho e aos métodos de planejamento familiar. Ou seja, cada vez mais, a maternidade é uma escolha e não uma obrigação.

Mais brasileiras optam por não ter filhos

Um dado que impressiona é o aumento das mulheres que decidiram não ter filhos. Entre as que têm entre 50 e 59 anos, 16,1% não têm filhos. Em 2000, esse índice era de 10%, e em 2010, 11,8%. Isso revela uma mudança de mentalidade sobre o que significa ter uma "família ideal" no Brasil.

Região, renda e cor influenciam

As diferenças entre as regiões do Brasil são bem visíveis. No Sudeste e no Sul, onde a urbanização e o acesso à educação são maiores, as taxas de fecundidade são as menores, com 1,41 e 1,50 filhos por mulher, respectivamente. No Norte, a taxa é um pouco mais alta, chegando a 1,89, enquanto no Nordeste é de 1,60 e no Centro-Oeste, 1,64. Marri menciona que o Norte ainda está em uma fase anterior desse processo de queda, mas que a tendência é de que isso mude.

A escolaridade também é um fator determinante. Mulheres sem o ensino fundamental completo têm, em média, 2,01 filhos, enquanto aquelas com diploma universitário têm apenas 1,19 filho. A diferença na idade em que elas se tornam mães é marcante: mulheres menos escolarizadas têm filhos aos 26,7 anos, enquanto as com ensino superior esperam até os 30,7 anos.

Além disso, a cor ou etnia também traz impactos nesse cenário. Mulheres indígenas apresentam a maior taxa de fecundidade, com 2,84 filhos, seguidas pelas pardas (1,68), pretas (1,59), brancas (1,35) e asiáticas (1,22). Esses dados ressaltam como fatores culturais, socioeconômicos e regionais moldam as realidades demográficas no Brasil.

Reflexo global

Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil. De acordo com dados das Nações Unidas, a taxa de fecundidade do Brasil está abaixo de países como França (1,8) e Estados Unidos (1,7), mas acima de Argentina (1,5), Chile (1,3) e Itália (1,2). Por outro lado, na Nigéria, a média ainda é alta, com 4,6 filhos por mulher.

O acesso à informação, métodos contraceptivos e a crescente independência econômica são fatores que têm influenciado essas mudanças. Izabel Marri destaca que esses elementos juntos refletem uma nova perspectiva sobre o tamanho da família e o papel da mulher na sociedade.

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