Adolescente de 16 anos provoca revolução no Nepal em 2025

Quem diria que um discurso de um estudante poderia mudar a história de um país? No Nepal, um jovem de apenas 16 anos, chamado Avishkar Raut, passou de aluno da Hollybell English Secondary School em Catmandu a um símbolo de resistência e coragem. Até então, ele era só um estudante aplicado e respeitado entre seus colegas.
Em março de 2025, Vishka subiu ao palco para o que parecia ser apenas mais uma apresentação. Mas suas palavras ressoaram muito além daqueles muros, viralizando nas redes sociais e tocando o coração de muitos. Seu grito de “Jai Nepal!”, que significa “Vitória ao Nepal”, serviu como um chamado à liberdade, fazendo com que milhares de jovens saíssem às ruas.
O discurso de Vishka não só destacou a corrupção, a desigualdade e a falta de oportunidades no país, mas também deu origem a um movimento nacional exigindo mudanças profundas no sistema político. A repercussão foi tamanha que muitos passaram a chamá-lo de “a voz da geração Z nepalesa”.
A revolta que tomou as ruas
Em setembro de 2025, o que começou como uma mobilização escolar se transformou em uma onda de protestos em todo o país. Jovens de diferentes regiões se uniram contra um governo acusado de corrupção e censura. O gatilho para essa revolta foi o bloqueio das redes sociais, imposto após empresas como Google, Meta e X (antigo Twitter) se negarem a seguir novas leis locais que exigiam representação física no Nepal.
Enquanto o governo alegava que se tratava de uma iniciativa para combater as fake news e o discurso de ódio, a população viu isso como um ataque direto à liberdade de expressão. A censura teve um efeito reverso, causando uma explosão ainda maior de manifestações. As ruas de Catmandu se encheram de gritos e clamores por justiça.
Confrontos violentos rapidamente ocorreram. A imprensa local noticiou que houve 25 mortos e mais de 100 feridos apenas nos primeiros dias de protesto. Em 10 de setembro, a casa do ex-primeiro-ministro Janalat Canal foi incendiada, resultando na morte de sua esposa. Outros líderes, incluindo o então premiê K. P. Sharma Oli, também enfrentaram ataques em suas residências.
O colapso do governo e a ascensão da juventude
O caos atingiu níveis alarmantes. Ex-primeiros-ministros, como Sher Bahadur Deuba e Arzu Rana Deuba, foram agredidos. Com a segurança em colapso, ministros precisaram ser resgatados de helicóptero por tropas do exército. Diante dessa situação, Oli anunciou sua renúncia, reconhecendo que a juventude se tornara a força motriz de uma nova era política.
Ainda assim, os protestos não diminuíram. O clamor por “Acabem com a corrupção!” ecoava nas ruas com mais intensidade do que nunca. Vishka Hout, agora visto como um símbolo de esperança, pediu aos jovens que não vendessem o futuro do país e honrassem o legado dos antepassados.
No mesmo mês, a presidenta Sushila K. assumiu um governo interino e prometeu combater a corrupção, criar empregos e restaurar a confiança da população. Entretanto, a repressão continuou a ser brutal: 72 mortos e mais de 2.100 feridos tinham sido registrados até o final do mês, segundo autoridades locais.
Os danos materiais superaram US$ 1,5 bilhão, fazendo da reconstrução do país um desafio monumental. No entanto, o movimento impulsionado por estudantes e pela Geração Z permanece firme, desafiando as elites políticas e inspirando outras nações asiáticas a lutarem contra a corrupção.
Um novo Nepal nasce das chamas
A tentativa de silenciar as vozes do povo através do bloqueio digital acabou estimulando uma revolução. Hoje, com toque de recolher e a volta gradual da internet, o país enfrenta um cenário de incerteza. Para muitos, Vishka Hout não é apenas um adolescente — ele representa uma geração que não aceita mais o silêncio.
A revolução no Nepal em 2025 é um lembrete poderoso de que a coragem de uma única pessoa pode mudar o destino de milhões. E o eco de “Jai Nepal” continua a ressoar nas ruas, como uma promessa de um futuro mais justo, livre e honesto.