EUA perdem carros baratos devido a tarifas de Trump

Quando o Donald Trump anunciou que ia aumentar as tarifas para carros e peças importadas, ele prometeu que os preços iam cair. Mas, como muitos já perceberam, a realidade é bem diferente. E quem traz essa informação é o site americano Cars.com, que analisou os estoques de concessionárias no primeiro semestre de 2025 e notou uma queda na oferta de carros novos abaixo de US$ 30.000 (cerca de R$ 168.000).
Esse segmento é super popular, incluindo clássicos como o Toyota Corolla e o Honda Civic. O problema é que a maioria desses modelos são importados — 92% deles, na verdade. Os únicos que rolam por aqui e são fabricados nos EUA são esses dois japoneses, mas até algumas das suas versões mais empolgantes, como o GR e o Type R, vêm de fora. Apesar de o estoque geral ter crescido 5,6% em relação ao ano anterior, o aumento na faixa abaixo de US$ 30.000 foi de só 3,9%.
Além disso, houve um movimento interessante. Antes da implementação das tarifas, os revendedores fizeram estoques consideráveis, e as vendas até subiram em março e abril, com um aumento de 3,9% comparado ao mesmo período em 2024. Isso gerou uma maior oferta de seminovos, já que muitos clientes estavam trocando seus carros para comprar novos.
Por incrível que pareça, no primeiro trimestre de 2025, os preços dos usados caíram um pouco, mas estiveram em alta de 1,6% no segundo trimestre em relação ao ano passado. Com a oferta de novos modelos se esgotando rapidamente, a expectativa é de que aumentem os preços — até agora, os preços médios dos novos carros subiram só US$ 97 (cerca de R$ 543,20). Porém, os veículos vindos do Reino Unido, por exemplo, ficaram mais caros em mais de US$ 10.000 (mais de R$ 56.000).
Já os modelos da União Europeia atingiram um aumento médio de quase US$ 2.500 (cerca de R$ 14.000). É interessante notar que os preços dos carros da China, Canadá e Coreia caíram, assim como os fabricados nos EUA, que tiveram uma pequena redução na média de US$ 200 (R$ 1.120).
Para o segundo semestre de 2025, a previsão é de mais aumentos de preços e menos demanda. A velocidade das vendas e a movimentação dos estoques vão depender bastante das tarifas, com montadoras precisando se adaptar a um número menor de compradores que estão mais atentos aos preços.
Outro ponto que chamou a atenção foi a questão dos veículos elétricos. Uma pesquisa mostrou que 53% dos compradores afirmaram que os créditos fiscais federais foram fundamentais para a decisão de compra. Porém, com o fim iminente de incentivos que podem chegar a US$ 7.500 (R$ 42.000) para novos e US$ 4.000 (R$ 22.400) para usados, a acessibilidade dos elétricos deve ser afetada. É possível que o crescimento de 28 meses consecutivos no estoque de elétricos novos comece a enfrentar dificuldades.
E não para por aí. As montadoras estão mudando o mix de versões disponíveis. Agora, elas focam em modelos mais básicos e nos topo de linha, deixando as versões intermediárias um pouco de lado. Essa estratégia atende tanto os consumidores que buscam preços mais baixos quanto garante uma boa margem de lucro nas versões mais completas. Essa nova abordagem pode ajudar a suavizar os impactos das tarifas.