Durante a Idade Média, a comida ia muito além de uma simples refeição. Ela era uma forma de demonstrar status social. Nobres, barões e senhores feudais utilizavam os banquetes como um espetáculo para impressionar seus convidados. E, adivinha? Os grandes protagonistas desse show eram os temperos.
Naquela época, pratos recheados de especiarias eram sinônimo de sofisticação. Ingredientes como gengibre, pimenta, noz-moscada, açafrão e canela eram abundantes nas receitas. O professor Michael Delahoyde, da Universidade Estadual de Washington, conta que um único molho para carnes poderia conter até 17 tipos diferentes de especiarias. A mistura resultava em sabores intensos e aromas marcantes, que, se comparados aos paladares de hoje, talvez não agradassem tanto.
Essas refeições super temperadas não eram apenas uma questão de gosto, mas uma estratégia de poder. Naquele tempo, muitos temperos eram raros e caros, vindos de lugares distantes que exigiam longas rotas comerciais. O açúcar, por exemplo, também era uma iguaria bastante valorizada. Portanto, um banquete repleto de carnes cobertas com molhos elaborados não servia só para saciar a fome, mas também para comunicar que o anfitrião era alguém poderoso e influente.
A gastronomia medieval carregava um peso político e social forte. Mostrar acesso a produtos importados e caros era uma forma de exibição de status. O exagero no uso de especiarias, embora possa parecer um capricho hoje, fazia total sentido na lógica da época.
O que hoje encontramos facilmente em qualquer supermercado, como pimenta e canela, já foi símbolo de riqueza. Essa mudança de percepção ao longo dos séculos é resultado de um extenso trabalho de historiadores e pesquisadores que desvendam os hábitos alimentares de épocas passadas.
O estudo da culinária da Idade Média revela como a comida pode refletir as desigualdades e valores de um período. É fascinante pensar que cada prato não só alimentava, mas também contava uma história rica sobre a sociedade da época.
