Nissan encerra produção em fábrica no Japão para reduzir custos

A Nissan está passando por uma reestruturação global e anunciou que vai fechar uma de suas fábricas mais históricas no Japão. A planta de Oppama, que já abrigou a produção de vários modelos icônicos, vai encerrar suas atividades após o ano fiscal de 2027, que termina em março de 2028. Essa decisão faz parte do plano “Re:Nissan”, projetado para reduzir o número de fábricas de 17 para apenas 10 em todo o mundo.
Ivan Espinosa, o novo CEO da Nissan, reconheceu que essa foi uma decisão difícil, mas necessária. A fábrica de Oppama, que dá emprego a cerca de 2.400 pessoas, é atualmente responsável pela produção do Note e do Aura, mas no passado já viu nascer modelos como o elétrico Leaf e o clássico Bluebird, conhecido como Altima em alguns mercados.
Berço do Leaf e de mais de 17 milhões de carros
Inaugurada em 1961, Oppama foi uma das primeiras grandes fábricas de automóveis do Japão. Localizada em um antigo aeródromo naval, a planta ocupa uma área que equivale a mais de 200 campos de futebol. O lugar não é só uma linha de montagem; há também um centro de pesquisa, uma pista de testes e um terminal portuário para expedição de veículos.
Quando falamos em Nissan e eletrificação, o Leaf não pode faltar. Lançado em 2010, ele foi um dos pioneiros no segmento de elétricos e já foi o mais vendido do mundo até perder essa posição para a Tesla. Vale lembrar que a produção do Leaf foi transferida para uma fábrica mais moderna em Tochigi, que ainda segue firme nos planos da marca.
Além do Leaf, Oppama produz mais de 17,8 milhões de veículos ao longo dos anos, incluindo clássicos que marcaram a história da Nissan, como o Bluebird. Atualmente, a planta se concentra em modelos compactos, como o Note e o Aura, que são muito populares no Japão.
Parte da vida de uma cidade inteira
A fábrica de Oppama não é só uma linha de produção, mas faz parte do cotidiano da cidade de Yokosuka, que tem cerca de 370 mil habitantes. Para muitos por lá, a Nissan é uma grande fonte de emprego e uma das principais contribuidores para a economia local. Mesmo com o fechamento da linha de montagem, o complexo continuará a funcionar, mantendo suas instalações de pesquisa e desenvolvimento, a pista de testes e o terminal de expedição.
Enquanto isso, a Nissan está pensando em como utilizar o terreno da fábrica. O fechamento de Oppama se junta a outras medidas drásticas, como a pausa de programas para novos modelos e rumores sobre a venda da sede em Yokohama, tudo para enxugar os gastos.
Situação delicada
Nos últimos tempos, a Nissan enfrentou perdas enormes, cerca de US$ 4,5 bilhões no último ano, o que levou a ações drásticas como o corte de até 20 mil empregos e o fechamento de sete fábricas. De acordo com a montadora, o desenvolvimento de alguns projetos futuros também foi suspenso.
A marca, porém, não especificou quais programas foram afetados. Cerca de 3 mil engenheiros foram realocados para iniciativas de corte de custos. A ideia é acelerar o processo de desenvolvimento e reduzir o tempo para lançar novos modelos, passando de 52 para 37 meses.
A Nissan também está cortando suas plataformas globais de 13 para 7, o que vai ajudar a simplificar a produção em até 70%. Espera-se que os primeiros resultados dessa reestruturação apareçam em breve, trazendo novidades como o novo Sentra e o Kicks. Além disso, um SUV compacto chamado Kait está sendo preparado e deve chegar em breve a mercados emergentes.
Estamos vivendo tempos de mudança na indústria automotiva, e a Nissan não está sozinha nessa jornada. A adaptação é fundamental, e quem gosta de automóvel sabe que cada nova fase traz suas surpresas.