Cientistas alemães desenvolvem concreto ecológico mais resistente

A nova técnica para a produção de concreto vem ganhando destaque e é bastante curiosa. Ela transforma a ureia presente na urina em carbonato de cálcio, um componente fundamental do concreto. Esse processo, conhecido como biomineralização, permite a conversão de matéria orgânica em estruturas minerais sólidas, sem a necessidade de fornos de alta temperatura, como acontece na fabricação de cimento tradicional.
Para criar esse concreto inovador, um pó com bactérias específicas é misturado à areia e colocado em moldes. Depois disso, a urina enriquecida com cálcio é aplicada durante três dias, favorecendo o crescimento de cristais que fortalecem o material ao longo do tempo. O resultado é um tipo de bioconcreto que, ao contrário do cimento convencional, continua se mineralizando e, consequentemente, se torna mais resistente com o passar dos dias.
Os cientistas optaram pela urina devido à sua abundância e facilidade de coleta. Além disso, ela possui altas concentrações de ureia, essenciais para o processo de cristalização. Outro ponto positivo é que essa abordagem evita a emissão de gases poluentes, um problema sério na produção de cimento, que representa cerca de 8% das emissões globais de CO₂.
Concreto ecológico pode superar o tradicional em resistência
O bioconcreto tem uma vantagem significativa: ele não se degrada com o tempo como o cimento comum. Isso acontece porque as bactérias continuam a gerar cristais, o que aumenta a durabilidade do material. Além disso, esse novo tipo de concreto não demanda a queima de calcário, uma etapa que consome muita energia na indústria cimenteira. Com tudo isso, a proposta dos pesquisadores é que esse método não apenas reduza custos e emissões, mas também ofereça um destino prático para um resíduo humano amplamente disponível.
Atualmente, a técnica ainda está em fase experimental, mas os pesquisadores estão otimistas. Eles acreditam que em alguns anos o bioconcreto poderá ser aplicado em larga escala, especialmente em estruturas modulares, como blocos e tijolos.
Projeto foi publicado em revista científica internacional
A pesquisa que deu origem a essa tecnologia foi realizada pelo Instituto de Estruturas Leves e Design Conceitual (ILEK), da Universidade de Stuttgart, e ganhou destaque na revista científica Nature. O instituto disponibilizou em seu site detalhes do processo, incluindo vídeos e imagens dos blocos produzidos.
Além disso, de acordo com o artigo publicado, a equipe de pesquisa está buscando parcerias com empresas da área de engenharia civil. O objetivo é realizar testes em ambientes externos e avaliar como o bioconcreto se comporta em situações reais.
Com a evolução dessa tecnologia, a expectativa é que o concreto feito com urina se torne uma alternativa viável e segura, especialmente útil em obras temporárias, em zonas de conflito ou em regiões com escassez de recursos industriais.