Cavernas do Peruaçu podem ser Patrimônio Mundial da Unesco

O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, localizado em Minas Gerais, está prestes a receber um reconhecimento importante: a candidatura para se tornar mais um Patrimônio Mundial do Brasil. A avaliação da proposta acontecerá entre os dias 10 e 13 de julho de 2025, em Paris, durante a 47ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco. Se for aprovado, o parque irá figurar em uma lista de locais que possuem um valor natural e cultural excepcional, trazendo mais atenção internacional para a biodiversidade e o patrimônio arqueológico do Brasil.
Esse reconhecimento tem o potencial de recolocar o Brasil em um destaque relevante na preservação global, especialmente considerando que nos últimos anos, o país fez poucas adições a essa lista. A possível inclusão do Peruaçu também reforça o compromisso do Brasil com a conservação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a valorização da história da ocupação humana.
A Singularidade das Cavernas Peruaçu
As cavernas Peruaçu apresentam um espetáculo impressionante. Localizado entre as cidades de Januária e Itacarambi, no norte de Minas Gerais, o parque abriga formações geológicas raras e centenas de cavernas catalogadas. Uma das joias da região é a estalactite "Perna da Bailarina", que impressiona com seus 28 metros de comprimento.
Além de suas belezas naturais, o parque cruza três biomas brasileiros: Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Isso significa que a biodiversidade local é rica, com várias espécies de plantas e animais únicas, além de muitas cavernas ainda pouquíssimo exploradas.
Sítio Arqueológico Peruaçu: Um Tesouro da Humanidade
O sítio arqueológico Peruaçu é um dos pontos altos dessa candidatura. Com mais de 114 locais identificados, o parque guarda vestígios da presença humana que datam de mais de 12 mil anos atrás. Pinturas rupestres e gravuras, principalmente na Gruta do Janelão, revelam muito sobre as comunidades que habitaram a região.
Esses achados são essenciais para compreendermos a ocupação humana na América do Sul. A riqueza arqueológica do Peruaçu é comparável a locais conhecidos mundialmente, como a Serra da Capivara (PI). Isso demonstra que o Peruaçu não é apenas uma maravilha natural, mas também um livro aberto sobre a história da humanidade.
Caminho até a Candidatura Oficial na Unesco
Embora a avaliação da candidatura ocorra somente em 2025, o processo começou há muito tempo. O Parque Nacional do Peruaçu foi incluído na lista indicativa da Unesco em 1998, graças ao trabalho do professor José Ayrton Labegallini, da UFMG. Desde lá, diversos esforços têm sido feitos para fortalecer o dossiê da candidatura.
Em 2017, uma nova versão foi mandada com o apoio de órgãos como ICMBio e Iphan. Em outubro de 2024, uma missão técnica avaliou o parque e emitiu um parecer favorável em abril de 2025, aumentando as chances de aprovação do Comitê.
A Importância do Comitê do Patrimônio Mundial Paris
O Comitê do Patrimônio Mundial de Paris é quem vai decidir sobre a candidatura do Peruaçu. A votação está agendada para o dia 13 de julho, e o Brasil, que atuará como observador, espera que sua proposta se destaque entre outras candidaturas de países como Mongólia, Dinamarca e Serra Leoa.
O comitê utiliza critérios rigorosos que envolvem a integridade, autenticidade e o valor universal da proposta. Se o Peruaçu for incluído na lista, isso representará um reconhecimento da habilidade brasileira em conservar o meio ambiente.
O que Muda se Peruaçu Virar Novo Patrimônio Mundial do Brasil
Se o Peruaçu for nomeado como Patrimônio Mundial, isso trará impactos diretos e positivos para a região. Uma das maiores expectativas é o fortalecimento do turismo sustentável, já que áreas protegidas com esse título geralmente atraem mais visitantes e investimentos em infraestrutura.
Além disso, a nova classificação pode trazer recursos para pesquisa e proteção do local, ajudando na preservação do ecossistema e do patrimônio cultural. O parque pode se beneficiar da colaboração com outros países e instituições internacionais.
Comunidade, Conservação e Protagonismo Indígena
Um aspecto importante da candidatura é a presença das comunidades tradicionais e indígenas, como o povo Xakriabá, que reivindica parte do território do parque. O reconhecimento pela Unesco pode abrir portas para uma gestão mais inclusiva, respeitando os saberes indígenas e promovendo justiça ambiental.
Iniciativas como “Florescer no Cerrado” e “Floresta Viva” já atuam na região, promovendo educação ambiental e turismo que beneficia a comunidade local. O Peruaçu tem grande potencial para se tornar um exemplo de integração entre conservação, cultura e inclusão social.
Cavernas Peruaçu: O Valor Científico do Local
A região não só encanta pela beleza natural, mas também pela sua contribuição científica. Pesquisadores estudam formações minerais e registros fósseis para entender mudanças climáticas e a evolução da ocupação humana. Um estudo recente apontou um aumento médio de 2,5 °C na temperatura da área desde o século XX.
Esses dados reforçam a importância do parque como um laboratório natural para estudos ambientais. Ao proteger o Peruaçu, o Brasil também guarda um importante repositório de conhecimento para as futuras gerações.
A inclusão das cavernas Peruaçu na lista de Patrimônios Mundiais vai além de um reconhecimento. É uma oportunidade estratégica que reafirma o papel do Brasil na defesa da biodiversidade e da herança cultural da humanidade, além de valorizar suas comunidades tradicionais. Se a candidatura for aprovada, o sítio arqueológico Peruaçu será o 24º bem brasileiro reconhecido pela Unesco, ao lado de ícones como o Parque Nacional do Iguaçu e a cidade histórica de Ouro Preto.