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EUA emitem alerta por infecção em humanos causada por larva

A situação da saúde na Nicarágua está chamando atenção, especialmente com o retorno de uma ameaça que há muito tempo parecia controlada. Em um intervalo de menos de um ano, foram confirmados 124 casos de infecção humana pelo gusano barrenador — uma larva proveniente da mosca Cochliomyia hominivorax. Essa praga, que havia sido erradicada no país há 25 anos, voltou a ser um assunto sério.

Recentemente, a Embaixada dos Estados Unidos em Managua emitiu um alerta, orientando seus cidadãos a ficarem atentos. O Instituto de Proteção e Sanidade Agropecuária (IPSA) foi responsável por confirmar esses casos alarmantes, que afetam tanto pessoas quanto animais em toda a América Central.

O que é esse parasita e por que é tão perigoso?

O gusano barrenador, muitas vezes chamado de "screwworm", é um parasita que se alimenta de tecido vivo. As fêmeas dessa mosca depositam de 200 a 500 ovos em feridas abertas, mucosas ou orifícios nos corpos de mamíferos, inclusive humanos. Em menos de 24 horas, esses ovos eclodem e as larvas começam a se alimentar, causando uma condição conhecida como miasis, que pode levar a dores intensas, inflamação e, se não tratada rapidamente, até a morte.

Se você imaginar o processo, ele acontece muito rápido: em apenas 3 a 7 dias, as larvas podem se transformar em pupas, e em 10 a 20 dias, já estão voando como moscas adultas. Isso torna o controle dessa infestação ainda mais desafiador, especialmente em regiões tropicais.

Proliferação alarmante na Nicarágua

Os números não mentem. Até junho, o IPSA já havia registrado 18.059 casos em gado e 124 infecções em humanos. O crescimento dos casos se acelerou desde abril, levando o governo a declarar alerta sanitário. O país mobilizou uma equipe de 122 especialistas para monitorar os pontos críticos nas fronteiras, especialmente com a Costa Rica.

As áreas mais afetadas incluem Río San Juan, Rivas e a Costa Caribe Sul, mas a infestação começou a se espalhar para outras regiões, como o Pacífico, Centro e Norte da Nicarágua. Esse crescimento descontrolado preocupa especialistas, pois sugere que o problema está se tornando cada vez mais difícil de conter.

Reações internacionais e medidas regionais

A Embaixada dos EUA foi enfática ao alertar sobre a necessidade de buscar atendimento médico assim que feridas com dor intensa, vermelhidão ou presença de larvas forem notadas. Declararam que "em questão de horas, os ovos eclodem e as larvas começam a se alimentar do tecido ao redor".

Além disso, os EUA desembolsaram US$ 110 milhões para ações de controle em toda a América Central, ajudando com assistência técnica e programas de imunização.

México retoma exportação de gado, mas ainda com restrições

Após suspender as exportações de gado para os EUA em maio, o México começou a retomar as vendas com restrições rigorosas. Desde o início de julho, cerca de 882 cabeças de gado cruzaram a fronteira, mas não sem antes passar por inspeções minuciosas e protocolos de segurança.

Em Chiapas, um caso humano foi confirmado em uma mulher de 77 anos, levando o México a intensificar a vigilância em regiões tropicais.

O risco para o Brasil

O Brasil vê a situação da Nicarágua como uma preocupação crescente. A plaga já atingiu nações vizinhas como Costa Rica e Panamá, aumentando o risco de que o problema se espalhe. Com mais de 63 mil casos na região, e a Nicarágua, em particular, respondendo por 56,4% deles, as possibilidades de entrada de infestação no Brasil através de gado ou até mesmo do turismo são reais.

Embora existam técnicas eficientes, como a liberação de moscas estéreis, a implementação em larga escala requer um esforço conjunto de órgãos como o Ministério da Agricultura, Anvisa e Ministério da Saúde.

Sintomas, diagnóstico e tratamento

Se a infecção atingir humanos, os sintomas podem incluir:

  • Feridas com supuração e larvas visíveis
  • Dor intensa, vermelhidão e febre local
  • Mal-estar ou sintomas de infecção sistêmica

O tratamento envolve a remoção das larvas e a aplicação de antibióticos para prevenir infecções mais graves. Detectar o problema cedo pode ser crucial para salvar vidas.

Para os animais, o controle envolve triagem médica e o uso de técnicas que dificultem a reprodução da mosca na região.

Reforço necessário: vigilância e políticas públicas

Com a gravidade da situação, algumas ações são fundamentais:

  1. Monitoramento contínuo de áreas de fronteira com amostragens ativas em gado e fauna.
  2. Controle sanitário reforçado, incluindo inspeções rigorosas e suporte financeiro para produtores.
  3. Campanhas de conscientização sobre prevenção e cuidados com feridas.
  4. Investimento em novas técnicas, como a liberação de moscas estéreis.
  5. Capacitação de equipes de saúde para atuar na prevenção e controle da infestação.

O retorno do gusano barrenador na Nicarágua, agora com 124 casos em humanos e mais de 18 mil em animais, é um sinal de alerta para toda a região. É um desafio que requer uma ação coordenada e consciente para evitar a propagação desse parasita que pode afetar tanto a saúde pública quanto a economia.

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