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Homens mais ricos do mundo dobraram fortunas desde 2020

Desde 2020, os homens mais ricos do mundo viram sua fortuna explodir. A riqueza total desse grupo aumentou de cerca de 340 bilhões de dólares para impressionantes 869 bilhões até o final de 2023. Enquanto isso, quase 5 bilhões de pessoas ficaram mais pobres em termos reais. O resultado? Um cenário global mais polarizado, onde a riqueza dos mais ricos cresce a passos largos, enquanto a maioria da população luta com o poder aquisitivo.

Esse desbalanceamento aconteceu em um ambiente marcado por liquidez abundante, crescimento das ações e uma rápida digitalização. Enquanto os valores das ações dispararam, os salários foram, na verdade, corroídos pela inflação, por problemas nas cadeias de suprimento e pela informalidade. O que estamos vendo é uma situação que favorece quem tem ativos e prejudica quem depende só do salário.

O que mudou desde 2020 e por que a curva abriu

A pandemia foi um verdadeiro divisor de águas. As medidas de apoio financeiro adotadas para evitar um colapso econômico, na verdade, impulsionaram os preços dos ativos e beneficiaram principalmente aqueles que já possuíam ações. Nesse cenário, a elite acumulou ganhos recordes em um tempo surpreendentemente curto.

Por outro lado, a renda dos mais pobres não teve a mesma sorte. Estima-se que cerca de 90 milhões de pessoas foram empurradas para a extrema pobreza no início dessa crise, e a redução da pobreza global praticamente estagnou. Olhando para a década de 2020, existe uma grande preocupação de que ela se torne uma era perdida em termos de mobilidade social, com os que estão na base nunca se recuperando realmente.

Quem são e quanto ganharam os maiores bilionários

Os nomes que dominam o topo da lista de bilionários estão majoritariamente ligados a setores como tecnologia, luxo, comércio eletrônico e serviços em nuvem. A riqueza de cada um deles está muito ligada ao valor de mercado de algumas empresas gigantes, e isso faz com que a variação do patrimônio seja bastante intensa.

Por exemplo, os cinco maiores bilionários tiveram um crescimento de patrimônio que ultrapassou 100% em pouco mais de três anos. Essa escalada está acompanhada de resultados corporativos robustos e expectativas sobre novas tecnologias, como a inteligência artificial. Quando as ações se valorizam, o patrimônio pessoal dos bilionários dispara, já que a maior parte de sua riqueza está nesse tipo de investimento.

Aqui estão alguns deles:

  • Elon Musk — Tesla, SpaceX, xAI, Starlink
  • Bernard Arnault — LVMH (Louis Vuitton, Dior, Tiffany & Co.)
  • Jeff Bezos — Amazon
  • Larry Ellison — Oracle
  • Mark Zuckerberg — Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp)

Como a máquina de concentração funciona na prática

O modelo das empresas atualmente prioriza o retorno ao acionista. O que isso significa? Que as empresas estão devolvendo uma parte recorde de seus lucros através de dividendos e recompra de ações, enquanto, por outro lado, os salários estão sendo corroídos pela inflação em muitos países. Esse processo resultou em um hiato de cerca de 1,5 trilhão de dólares nos últimos dois anos.

Esse sistema tem se mostrado eficaz em transferir riqueza do trabalho para o capital de maneira constante. E isso acontece em escala global. A estratégia agressiva de planejamento tributário e o uso de paraísos fiscais implicam em consequências significativas para a arrecadação, perdendo bilhões por ano. Com menos receitas, serviços essenciais acabam sendo subfinanciados, perpetuando a distância entre os ricos e os pobres.

Onde a desigualdade pesa mais e por que importa para a economia real

A alta concentração de riqueza traz efeitos macroeconômicos e sociais diretos. Com uma quantidade significativa da renda nas mãos de quem poupa mais e gasta menos, a demanda geral se torna mais fraca. Isso, por sua vez, restringe investimentos além dos setores mais tecnológicos, elevando a volatilidade do mercado.

Vale lembrar que as desigualdades não atingem a todos de forma igual. Mulheres e grupos racializados ainda enfrentam desafios extras, desde o trabalho não remunerado até a segregação nas profissões. Sem políticas que considerem essas particularidades, qualquer tentativa de promover um crescimento que inclua a todos tende a ser ineficaz.

O que esperar adiante se nada mudar

As projeções indicam que poderemos ver o primeiro trilionário na próxima década. Enquanto isso, se continuarmos nesse ritmo, a erradicação da pobreza levaria mais de 200 anos. A desconexão entre o crescimento econômico e o bem-estar da maioria pode gerar tensões sociais e instabilidade política, o que afeta negócios e investimentos.

Na prática, isso significa que a situação pode se agravar. A escassez de crédito e os altos preços afetarão mais intensamente a população vulnerável, enquanto a acumulação de ativos permanece concentrada nas mãos de poucos. Sem um reequilíbrio, a economia mundial continuará operando de forma desigual, com graves pressões sociais e financeiras.

Caminhos de resposta discutidos por especialistas

Três grandes frentes de ação aparecem nas discussões sobre como enfrentar essa situação. Primeiro, é preciso pensar em reformas tributárias internacionais que combatam a transferência artificial de lucros e estabeleçam certos mínimos efetivos.

Outra proposta envolve políticas de pré-distribuição que possam aumentar a renda do trabalho, como um salário mínimo digno, a defesa da negociação coletiva e medidas contra o poder excessivo de monopólios. Por último, o investimento em bens públicos universais — como educação, saúde e infraestrutura — pode ser fundamental para elevar a produtividade e ampliar as oportunidades.

É importante lembrar que, apesar de alguns criticarem esses enfoques por conta de possível perda de eficiência ou fuga de capitais, a maneira como esses planos são implementados é crucial. Medidas que sejam coordenadas internacionalmente e que se concentrem nas bases tributárias corporativas têm mais chances de sucesso do que tributos individuais à riqueza.

O aumento significativo das fortunas dos homens mais ricos do mundo desde 2020 contrasta fortemente com a queda da renda de boa parte da população, revelando uma desconexão alarmante entre os mercados financeiros e a vida real. Sem uma reformulação nos incentivos e no fortalecimento de serviços públicos, a tendência é que enfrentemos mais extremos e menos estabilidade.

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