Mergulhadores encontram tesouro de frota espanhola perdido há 300 anos

O mar escondeu por mais de 300 anos um verdadeiro tesouro. Recentemente, mergulhadores descobriram mais de mil moedas de ouro e prata que pertenciam a uma frota espanhola naufragada no século XVIII. Esse achado, feito por um grupo de especialistas em mergulho, é considerado um dos mais significativos resgates marítimos das últimas décadas, avaliado em mais de um milhão de dólares.
Essa descoberta trouxe à tona uma tragédia histórica: o naufrágio da conhecida “Frota do Tesouro de 1715”, que desapareceu no meio de um furacão enquanto retornava à Europa, recheada de riquezas do Novo Mundo.
O naufrágio que marcou a história naval espanhola
No verão de 1715, doze embarcações espanholas partiram de Havana com destino à Espanha, carregadas com um verdadeiro arsenal de bens: barras de prata, moedas de ouro, esmeraldas, porcelanas e especiarias do México e do Peru.
Mas, em um dia fatídico, um furacão destrutivo atingiu a frota, resultando na perda de 11 dos 12 navios. As centenas de tripulantes a bordo não sobreviveram, e as embarcações foram levadas pelo mar em questão de horas. Por séculos, os restos desses navios ficaram enterrados sob camadas de areia.
Naquele tempo, a tragédia representou um golpe severo para a Coroa espanhola. A carga perdida era estimada em mais de 400 milhões de dólares atuais, uma parte crucial das finanças do império.
Um mergulho que fez história
Após mais de trezentos anos, mergulhadores profissionais retornaram ao local com a autorização das autoridades. A equipe, que incluía arqueólogos marinhos e especialistas em resgate, aproveitou as condições favoráveis do verão para explorar a área.
Enquanto analisavam o fundo do mar, eles encontraram fragmentos metálicos e moedas cobertas por sedimentos. Ao escavar com cuidado, revelaram um verdadeiro tesouro: 1.003 moedas, algumas com inscrições e brasões da Espanha colonial visíveis.
Relatórios indicam que muitas moedas estavam empilhadas e protegidas por concreções minerais, resultado do tempo passado sob a areia. Além das moedas, também foram recuperados artefatos náuticos, fragmentos de cerâmica e partes corroídas de baús que traziam os bens.
Valor histórico e científico da descoberta
Mais do que questões financeiras, essa descoberta oferece uma nova perspectiva sobre o comércio colonial do início do século XVIII. As moedas foram cunhadas em diversas casas da América espanhola, como México, Lima e Potosí, e revelam as rotas econômicas de um império que dominava o Atlântico.
Entre as peças, muitas são os conhecidos reais de oito. Esses ícones do comércio global eram a moeda padrão da época e circulavam entre Europa, África e Ásia – quase como o nosso “dólar” hoje.
Os arqueólogos explicam que, devido à sua localização em águas rasas, os destroços da frota foram deslocados por tempestades e correntes ao longo dos séculos, justificando a dispersão dos achados. Mesmo assim, essa descoberta se destaca como uma das mais significativas desde a década de 1960, quando começaram as buscas sistemáticas.
Preservação e destino do tesouro
Todo o material recuperado terá que passar por um rigoroso processo de limpeza e conservação, realizado por especialistas em metais antigos. Depois de avaliadas, algumas das moedas poderão ser expostas em museus dedicados à história naval e à arqueologia subaquática.
As operações de resgate foram feitas com o devido apoio governamental, e o material será analisado pelas autoridades para decidir quanto ficará sob custódia pública e quanto poderá ser destinado aos descobridores, de acordo com as leis locais.
O líder da equipe de resgate ressaltou que o foco não é o lucro, mas a preservação da memória histórica. Cada moeda recuperada é um testemunho físico de um período de exploração e tragédia.
O fascínio duradouro pelos tesouros submersos
Achados como esse continuam a fascinar as pessoas. O mistério do oceano, o risco das expedições e o valor histórico dessas descobertas criam um enredo irresistível. Para os arqueólogos, esses eventos são muito mais do que simples reencontros com o passado; são conexões entre civilizações que mostram como comércio, ambição e tragédia moldaram o mundo.
A recuperação dessas mil moedas destaca a importância da arqueologia marinha como uma disciplina científica crucial, revelando que, mesmo após tantos anos, o fundo do mar guarda histórias incríveis que desafiam o tempo e a ganância humana.