Arquipélago do Oriente Médio cobra até R$ 100 mil por diária em ilhas artificiais

No Golfo Pérsico, em uma das regiões mais secas do mundo, surge um projeto incrível de engenharia: um arquipélago artificial que imita o formato do planeta Terra. Chamado de The World Islands, esse projeto em Dubai começou sua construção em 2003 e, duas décadas depois, já é uma realidade impressionante. Para quem deseja passar a noite em uma casa flutuante com vista para o icônico skyline de Dubai, o custo pode chegar a R$ 100 mil.
O que é o The World Islands, em Dubai
Esse arquipélago é formado por 300 ilhas artificiais, que juntas compõem um mapa estilizado do mundo. Olhando de cima, dá pra ver continentes e países; há uma representação da “França”, “Groenlândia”, “Índia” e “Argentina”, todas cercadas por águas calmas. O acesso? Apenas via iate, helicóptero ou barco particular.
Essas ilhas foram criadas com 320 milhões de metros cúbicos de areia, retirada do fundo do mar e moldada sobre a costa de Dubai. O custo total do projeto ultrapassou US$ 13 bilhões, e é desenvolvido pela Nakheel Properties, famosa por obras icônicas como as Palm Islands.
Casas flutuantes de luxo, praias privadas e hotéis de 6 estrelas
As ilhas começaram a ser vendidas antes mesmo de serem completadas, com o objetivo de criar um refúgio exclusivo para a elite global. Diferente das praias públicas de Dubai, tudo aqui é privado: desde as ruas até as piscinas e marinas.
Um dos locais mais procurados é o Heart of Europe, que é um conjunto de seis ilhas com design inspirado na arquitetura europeia. Algumas opções de hospedagem incluem:
Casas flutuantes de três andares, com janelas de vidro no subsolo que oferecem vistas subaquáticas.
Hotéis de 6 estrelas com mordomos disponíveis 24 horas por dia e transporte de helicóptero incluso.
- Vilas privativas que têm praias artificiais, recifes personalizados e areia com temperatura controlada.
As tarifas refletem essa exclusividade: algumas diárias podem passar de R$ 100 mil, e o que é curioso é que ainda há muita procura, com filas de espera.
Por que europeus compram propriedades lá?
Surpreendentemente, mais de 80% dos compradores das ilhas são europeus, com destaque para alemães, suíços e britânicos. O que motiva essa escolha?
Isenção de impostos: Em Dubai não há impostos sobre propriedade ou herança. Isso atrai investidores de várias partes do mundo.
Estabilidade e segurança: O emirado possui uma infraestrutura de qualidade e é conhecido por ter índices de criminalidade baixíssimos.
- Proximidade estratégica: Para os milionários europeus, voar para Dubai é rápido — apenas algumas horas de voo de cidades como Londres ou Paris — e o clima ensolarado é um atrativo extra.
Além disso, comprar uma ilha em The World Islands se tornou um símbolo, um verdadeiro status que vai além de ser apenas um imóvel.
Nem tudo foi fácil: desafios, abandono e renascimento
Na trajetória desse projeto, houve momentos difíceis. Durante a crise de 2008, várias ilhas ficaram paradas por quase uma década, levando a boatos de que o arquipélago estava “afundando” — algo que foi desmentido.
No entanto, a sorte começou a mudar com o reposicionamento turístico de Dubai. Após a Expo 2020, a Nakheel reiniciou os trabalhos com novas propostas, incluindo resorts flutuantes e condomínios ecológicos.
Agora, mais de 50 ilhas têm projetos ativos e outras estão em processo de licitação. A seleção é rigorosa: os Emirados não vendem terrenos facilmente; é preciso aprovação oficial, o que mantém a exclusividade nas alturas.
Infraestrutura de outro planeta
Para garantir que as ilhas funcionassem adequadamente, foram desenvolvidas soluções de infraestrutura sofisticadas, como:
Sistemas de energia solar autônomos.
Dessalinização da água do mar em cada ilha.
Coleta e reciclagem de lixo totalmente independente.
- Serviços de emergência com drones e barcos à disposição 24 horas.
O transporte também é especial: além de lanchas rápidas, há helipontos, e alguns hotéis estão testando táxis aéreos autônomos que levam hóspedes ao continente em tempo recorde.
The World Islands é mais do que um simples projeto de luxo; é um experimento urbano que questiona como podemos construir um “mundo próprio” no meio do mar, com total controle sobre tudo. O que parecia ficção científica agora é uma realidade desejada por muitos, mesmo que a polêmica ambiental persista. É uma prova de como a tecnologia e o capital podem criar completamente novos locais no planeta.