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Desafio técnico da 3R Petroleum após venda da Petrobras

Um dos projetos mais desafiadores em águas profundas do Brasil é o campo de Papa-Terra, localizado na Bacia de Campos. Recentemente, ele se tornou o foco de uma batalha técnica e jurídica complexa. A Petrobras vendeu este ativo por mais de 100 milhões de dólares, prometendo revitalizar sua produção e liberar um valor bilionário. Agora, a 3R Petroleum, que faz parte da Brava Energia, tenta superar os desafios que levaram a estatal a se desfazer do projeto.

A estratégia da 3R é aplicar seu modelo de negócios em campos maduros para dar uma nova vida a Papa-Terra. Mas o desafio não é só a geologia complicada do local e o óleo pesado. Uma intensa disputa com sua sócia no projeto se tornou o maior entrave, resultando em uma batalha em uma corte de arbitragem internacional que decidirá o futuro desse campo gigante que a Petrobras passou adiante.

A venda do gigante: por que a Petrobras passou o campo de Papa-Terra adiante?

A decisão da Petrobras de vender o campo de Papa-Terra faz parte de uma reestruturação maior no seu portfólio. A empresa tem concentrado seus investimentos nos ativos de classe mundial do pré-sal, que são mais rentáveis. Campos como Papa-Terra, que tinham um histórico de produção abaixo do esperado e cuja operação é bastante complexa, se tornaram menos essenciais.

A transação foi de US$ 105,6 milhões e pensada para mitigar riscos. A 3R Petroleum pagou uma parte menor no início, e o restante depende do sucesso futuro da produção. A venda foi oficializada em 22 de dezembro de 2022, quando a 3R começou a operar o campo.

Campo de Papa-Terra que a Petrobras vendeu e se tornou um grande desafio para a 3R Petroleum

A grande oportunidade de Papa-Terra também é um desafio. Ele tem um volume de óleo original estimado em 2 bilhões de barris, guardado em rochas-reservatório de alta qualidade. Porém, o óleo é considerado pesado, com grau API entre 12° e 17°. Isso o torna extremamente viscoso, dificultando a extração. O fator de recuperação histórico do campo é baixo, apenas 2%, bem aquém da média de 16% da Bacia de Campos. A esperança da 3R é que com mais foco e investimento, consigam recuperar uma quantidade significativa desse óleo que ficou para trás.

O plano da 3R Petroleum

A abordagem da 3R para o campo de Papa-Terra não é explorar novas descobertas, mas sim otimizar a engenharia e a eficiência. O plano de revitalização se concentra em duas frentes. A primeira envolve realizar intervenções em poços já existentes, reativando quem estava parado e otimizando os que estão em operação.

A segunda parte do plano inclui uma nova campanha de perfuração para acessar áreas ainda não exploradas do reservatório. Neste aspecto, a 3R se beneficia de uma infraestrutura única herdada do campo, especialmente a plataforma P-61, que tem uma sonda de perfuração própria, ajudando a reduzir custos e facilitar intervenções.

A guerra nos bastidores: a disputa societária que ameaça o futuro do campo

Enquanto as questões técnicas continuam em andamento, uma disputa societária se intensifica nos tribunais. A 3R Petroleum, agora parte da Brava Energia, tem 62,5% do campo, enquanto os 37,5% restantes pertencem à Nova Técnica Energy (NTE). A relação entre as duas se deteriorou, e a 3R acusa a NTE de não cumprir suas obrigações financeiras.

Em um movimento para assumir o controle total, a 3R encontrou resistência da NTE, que negou as acusações, levando o conflito para uma corte de arbitragem internacional em Londres. Um revés significativo para a 3R aconteceu quando o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) arquivou seu pedido de aquisição em setembro de 2024 por erros processuais. Essa situação se tornou um grande desafio para o projeto, dificultando a captação de recursos necessários para a revitalização, deixando o futuro do campo de Papa-Terra um tanto quanto incerto.

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