Viagem ao centro da Terra: 6.370 km de rocha e magma

O centro da Terra é um lugar fascinante, que mexe com a curiosidade de qualquer um. Estamos falando de um ponto a 6.370 quilômetros de profundidade, onde a pressão é um milhão de vezes maior do que na superfície e o calor chega a ser semelhante ao do Sol. É lá que ferro e níquel se juntam para formar uma esfera sólida que é fundamental para manter o campo magnético do nosso planeta e, assim, a vida como a conhecemos.
Embora ainda não possamos ir até esse lugar incrível, a ciência tem seus truques para desvendar seus mistérios. Usando sismógrafos, simulações em laboratório e modelos geofísicos, conseguimos entender melhor o que se passa embaixo de nossos pés. Essa "viagem" nos ajuda a perceber como funcionam os continentes, os oceanos e a proteção que a Terra nos dá contra a radiação cósmica.
A primeira parada: a crosta terrestre
A aventura começa na crosta, a "casca" da Terra. Essa camada é bem fina e pode ter apenas 5 quilômetros de profundidade nos oceanos, enquanto sob as montanhas chega a 70 quilômetros. É nesse pedaço do planeta que encontramos todos os minerais e metais que usamos no nosso dia a dia, muitos deles com cerca de 2 bilhões de anos!
A crosta se divide em duas partes principais. A crosta oceânica é feita de rochas basálticas, mais densas e novas. Já a crosta continental é composta de granitos e minerais ricos em silício, alumínio e oxigênio. Nesta camada, estão as florestas e as raízes das árvores, e algumas delas chegam a mais de 120 metros de profundidade no solo africano.
A transição para o manto e o calor crescente
Logo abaixo da crosta, encontramos o manto, a camada mais grossa da Terra, com quase 3.000 quilômetros de profundidade. Mesmo sendo sólido, o manto tem um movimento lento, quase como um material viscoso. Ele é essencial para o movimento das placas tectônicas e plantas os vulcões.
O que mantém o manto ativo é o calor gerado pela decomposição de elementos como urânio, tório e potássio. Aqui, as temperaturas podem ultrapassar os 2.000 °C, e o magma sobe para formar novas crostas nos oceanos. A partir de 700 quilômetros de profundidade, os terremotos já não conseguem alcançar a superfície, e o ambiente se torna tão denso que pode gerar diamantes.
Quando chegamos a cerca de 2.900 quilômetros de profundidade, começamos a ver uma mistura líquida de ferro e níquel, que compõe o núcleo externo. É essa camada que cria o campo magnético da Terra, muito importante para nos proteger da radiação solar. O núcleo externo também pode experimentar fenômenos como a inversão dos polos magnéticos, que acontece a cada muitas centenas de milhares de anos.
O núcleo interno: o coração sólido do planeta
Finalmente, a 6.370 quilômetros de profundidade, chegamos ao centro da Terra. Aqui está o núcleo interno, uma esfera sólida com cerca de 1.200 quilômetros de raio, composta por 80% de ferro e 20% de níquel. A temperatura aqui? Aproximadamente 6.000 °C, quase igual à do sol. Surpreendentemente, mesmo nessas condições extremas, o núcleo permanece sólido, devido à pressão intensa que é um milhão de vezes maior que a que sentimos na superfície.
Pesquisas recentes mostram que esse núcleo interno é relativamente jovem, com uma idade entre 500 milhões e 1 bilhão de anos. Os cientistas acreditam que ele é formado por cristais gigantes de ferro que se formam lentamente nas bordas. Esse “núcleo de cristal” é crucial para a estabilidade gravitacional da Terra e sua rotação.
Um destino impossível, mas essencial para a vida
Até hoje, nenhum ser humano conseguiu chegar nem perto dessas profundezas. A perfuração mais profunda registrada na história foi no poço de Kola, na Rússia, que atingiu apenas 12,3 quilômetros. Entender o que há no interior da Terra, no entanto, é fundamental para prever terremotos, mapear recursos minerais e descobrir como nosso planeta mantém seu equilíbrio térmico e magnético.
Se pudéssemos construir um túnel que chegasse até o núcleo, a viagem levaria cerca de 18 minutos se você estivesse em queda livre. Mas enquanto isso não se torna realidade, a exploração científica continua sendo nossa forma de descobrir os segredos que o planeta guarda a sete chaves.



