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Unesco adverte sobre ameaça da água ao patrimônio no Irã

O Irã, com sua rica herança que se estende por mais de 4.800 anos, está enfrentando um desafio ambiental significativo: o afundamento do solo em algumas áreas chega a impressionantes 25 centímetros por ano. Isso não só ameaça a agricultura, mas também coloca em risco sítios históricos, como as emblemáticas ruínas de Persépolis.

De acordo com um alerta da Unesco, a situação é preocupante. Se nada for feito rapidamente, o patrimônio cultural iraniano poderá sofrer danos irreparáveis. Pesquisas recentes mostraram que a planície de Marvdasht, um local repleto de importantes sítios arqueológicos, apresenta fissuras visíveis no solo, com uma subsistência que varia entre 20 a 30 centímetros anualmente.

Causas do Afundamento do Solo

Um dos principais responsáveis por esse fenômeno é o uso excessivo das águas subterrâneas. Até a década de 1960, o Irã utilizava um sistema antigo e sustentável de qanats, que consistia em túneis que traziam água das montanhas para as vilas. Porém, a substituição desses sistemas por bombas motorizadas permitiu a retirada quase ilimitada de água, sobrecarregando os aquíferos e acelerando a subsidência do solo.

Atualmente, cerca de 90% da água consumida no país é destinada à agricultura. Embora isso ajude na produtividade, compromete a capacidade de recarga natural dos aquíferos, resultando em erosão e desertificação, além de prejudicar a infraestrutura dos sítios históricos e a vida das comunidades.

Consequências Ambientais e Culturais

Esse processo não afeta apenas a agricultura, mas também o patrimônio cultural. As construções antigas, como Persépolis, estão sob constante ameaça devido à compactação do solo e erosão provocadas por práticas de irrigação ineficientes. Essa situação aumenta o risco de danos estruturais graves e até mesmo a possibilidade de colapso de importantes monumentos.

Amir Karamzadeh, gestor do Centro de Herança Cultural de Isfahan, ressalta a importância de uma abordagem integrada que leve em conta tanto a preservação do patrimônio histórico quanto a sustentabilidade ambiental. Políticas públicas que se complementem são essenciais nesse contexto.

Políticas e Ações da Unesco

Para lidar com essa crise, as autoridades iranianas e o Ministério do Patrimônio Cultural estão estudando maneiras de gerenciar as águas subterrâneas de forma sustentável. A Unesco está envolvida nesse processo, oferecendo orientação técnica através de programas focados na gestão de aquíferos.

As soluções propostas incluem a regulação da irrigação, monitoramento de poços e conscientização sobre práticas agrícolas sustentáveis. Sem ações concretas e imediatas, a excessiva retirada de água continuará acelerando o afundamento do solo, colocando em risco séculos de história e a saúde ambiental do país.

A realidade do Irã é um lembrete importante de como a exploração irresponsável dos recursos naturais pode jeopardizar tanto o meio ambiente quanto o patrimônio cultural. Se não houver intervenções eficazes, o legado histórico pode se transformar gradualmente em uma memória distante, em vez de um tesouro cultural a ser apreciado pelas futuras gerações.

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