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Espada medieval encontrada em rio após mil anos de ocultação

Operários estavam realizando escavações de rotina em um rio na Holanda quando algo brilhante chamou sua atenção. Era uma espada medieval, que ficou enterrada por mil anos no leito do rio Korte Linschoten. A descoberta ocorreu na região de Linschoten, no centro do país.

O incrível é que a lâmina estava intacta, graças à argila pobre em oxigênio que ajudou a preservá-la de corrosão. Agora, essa raridade pode ser vista no Rijksmuseum van Oudheden, em Leiden.

Símbolos misteriosos na lâmina desafiam especialistas

Essa espada mede pouco mais de um metro e segue o formato clássico das armas da Idade Média. O punho tem um formato curioso, semelhante a uma castanha-do-pará, com uma guarda transversal larga e uma lâmina de dois gumes.

Mas o que realmente intrigou os especialistas foram os desenhos de cobre gravados nas duas faces do ferro. De um lado, aparece a “roda solar”, um símbolo religioso popular na Europa medieval. A imagem era frequentemente utilizada em igrejas, especialmente em regiões que estavam se convertendo ao cristianismo.

Do outro lado da lâmina, há um gráfico diferente: cinco losangos interligados dentro de um círculo, formando um nó infinito associado à cultura viking. Segundo o museu, esse símbolo representava proteção e lealdade eterna. A união dos emblemas cristãos e vikings sugere que diversas crenças coexistiam durante aquele período.

Para a prefeitura de Montfoort, onde a espada foi encontrada, a peça representa "uma época em que simbolismo e fé estavam intimamente ligadas".

A espada foi descoberta sem bainha, o que pode indicar que, talvez, tenha sido parte de um ritual de despedida. Naquela época, muitos guerreiros eram enterrados com suas armas, ou essas eram lançadas em rios. Essa ausência da bainha pode sugerir que a espada foi deixada como uma oferenda ou homenagem.

Conforme apontam os especialistas do Rijksmuseum, o objeto era "provavelmente um bem muito pessoal". Mais do que uma arma, ela traz um sentido simbólico. Embora o dono permaneça desconhecido, o contexto histórico nos dá pistas. A região esteve sob domínio do Bispo de Utrecht nos séculos XI e XII, um período de muitos conflitos com os Condes da Holanda e da Flandres.

Além disso, a espada reflete mudanças nas táticas de combate: com o tempo, espadas mais curtas e leves se tornaram preferidas nos confrontos em resposta ao avanço das armaduras.

Fabricada com ferro extraído da região de Veluwe, a lâmina possui características que indicam a transição militar da época. Os símbolos presentes ressaltam as influências espirituais que moldavam a sociedade europeia.

Após ser retirada do barro, a espada começou a deteriorar rapidamente. Para evitar danos, as autoridades locais chamaram uma equipe de arqueólogos. O processo de conservação iniciou com um banho de dessalinização que durou dez semanas. Depois disso, a lâmina foi enxaguada, seca e tratada com taninos, uma substância que estabiliza o metal.

Restos de madeira e couro ainda podem ser vistos no punho, dando pistas sobre como era a empunhadura original. Esses vestígios oferecem uma visão interessante de como a espada era manuseada e utilizada.

Hoje, a espada está em exibição em uma vitrine do Museu Nacional de Antiguidades, em Leiden, e ficará disponível ao público até setembro. Embora não tenha um nome gravado ou registro de batalhas, carrega consigo uma mensagem rica do passado. Para as autoridades de Montfoort, esse achado é “uma obra de arte que nos lembra da rica e complexa história da Europa no início da Idade Média”.

Após mil anos enterrada, a lâmina voltou à luz e, com isso, trouxe à tona uma história que ainda ecoa por aí.

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