Wi-Fi pode monitorar? Entenda como proteger sua privacidade

O Wi-Fi é uma tecnologia que pode revelar mais informações do que a maioria das pessoas imagina. Os roteadores e antenas captam sinais de dispositivos e, em determinadas situações, conseguem acompanhar a presença, movimento e localização das pessoas em um ambiente. Isso não é apenas uma teoria da conspiração; já existem estudos mostrando que é possível monitorar movimentos sem que o usuário esteja conectado a uma rede.
Quando você entra em um café, por exemplo, seu celular começa a "falar" com o roteador, se apresentando e registrando sua presença. Isso permite que o proprietário do local saiba quais dispositivos estiveram conectados em determinados horários. Em lugares com grande fluxo de pessoas, como shoppings e aeroportos, essa informação pode ser usada para entender padrões de comportamento.
Mesmo se você não estiver conectado, seu dispositivo ainda emite sinais de busca, conhecidos como "probe requests". Isso significa que seu celular está perguntando se há Wi-Fi por perto, e qualquer um equipado para receber esses sinais pode ouvir. Por mais que você ative funções de privacidade, alguns detalhes técnicos ainda podem revelar características do seu aparelho, criando uma espécie de "impressão digital".
Como o Wi-Fi identifica aparelhos conectados
Quando um celular ou notebook tenta se conectar a uma rede Wi-Fi familiar, ele se identifica para o roteador. Isso gera um histórico que pode ser utilizado para mapear rotinas e hábitos. O simples fato de saber que um dispositivo x esteve presente em tal horário pode fornecer dados valiosos para a gestão de um local.
Além disso, mesmo sem se conectar, seu aparelho busca redes, revelando sua presença. E mesmo que você altere seu endereço MAC — que é como se fosse a "identidade" do seu dispositivo — outras informações podem ser usadas para identificá-lo.
Impressão digital de dispositivos e rastreamento
Cada dispositivo tem um perfil técnico único. Essa "impressão digital" é composta por informações como o sistema operacional, as capacidades e as frequências suportadas. Com isso, é possível identificar o mesmo dispositivo em diferentes visitas, criando perfis de presença, mesmo sem um login formal.
Com três ou mais antenas, a intensidade do sinal pode ajudar a estimar onde o aparelho está, apenas com as sondagens que ele emite. Em ambientes movimentados, como lojas e terminais, isso pode até criar um trajeto para o usuário, revelando os caminhos que ele percorre.
Wi-Fi como sensor de presença e imagens do ambiente
Em cenários mais complexos, algoritmos conseguem interpretar as variações do campo eletromagnético do ambiente. Assim, é possível saber se uma pessoa está parada, caminhando ou se abaixando, por exemplo. O Wi-Fi pode atuar como um sensor que não depende do uso de um celular — basta que haja alguém na área.
Para proteger sua privacidade, uma dica é ativar o endereço MAC aleatório no seu smartphone e notebook. Isso ajuda a evitar que seu dispositivo seja associado a um identificador fixo, reduzindo a rastreabilidade.
Além disso, quando não estiver usando, desconectar o Wi-Fi pode economizar bateria e diminuir o número de sondagens. Se precisar de mais segurança, o modo avião também é uma boa opção.
Ao acessar serviços, prefira conexões criptografadas. Site com cadeado no navegador ajudam a proteger seus dados, mesmo que a infraestrutura não seja das melhores. A utilização de uma VPN confiável também pode criar uma camada extra de segurança, além de manter o sistema sempre atualizado.
Lembre-se de que a maioria das monitorizações tende a ser comercial, sem grandes complexidades. No entanto, entender como o Wi-Fi funciona ajuda a decidir quando usá-lo e como oferecer mais proteção ao seu dia a dia.
É claro que o Wi-Fi traz uma série de benefícios, mas também expõe informações que podem ser usadas para rastrear movimentos e identificar dispositivos. Com as configurações certas e um uso consciente, é possível aproveitar a conectividade sem abrir mão da privacidade.