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Reunião em Xangai une energia e dissuasão nuclear

A reunião em Xangai foi muito mais do que um simples desfile de comemorações. Recentemente, o ex-inspetor da ONU, Scott Ritter, comentou que o encontro trouxe juntos energia e dissuasão nuclear, destacando a assinatura do gasoduto Força da Sibéria 2 e a exibição de um míssil balístico intercontinental. Para analistas como Andrei Martanov e Garland Nixon, o evento deixou claro que Putin, Xi Jinping e seus aliados estão se coordenando estrategicamente, enquanto o Ocidente parece perder a influência.

A imagem de Putin, Xi e Kim Jong-un marchando juntos em Xangai foi cuidadosamente orquestrada. Não se tratou de um simples ato simbólico, mas, sim, de uma mensagem direta ao Ocidente, especialmente aos Estados Unidos, durante as comemorações dos 80 anos da vitória sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial.

Quem participou da reunião em Xangai?

Essa reunião reforçou a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) como um importante eixo de segurança e coordenação militar na Eurasia. Além da Rússia e da China, líderes de outros países do bloco, como a Índia, marcaram presença. A união de Putin, Xi e Kim foi vista como um ato calculado, mostrando força e resistência às pressões ocidentais.

Os analistas apontam que a OCX já está se transformando em um instrumento de integração militar e energética, capaz de sustentar acordos de longo prazo e novas alianças econômicas.

Quanto avançou o gasoduto Rússia–China?

Um dos destaques da reunião foi a confirmação do gasoduto Força da Sibéria 2, que foi descrito como “assinado” e, portanto, inevitável. Quando Rússia e China tornam tal projeto público, é um sinal de que qualquer obstáculo foi superado. Esse gasoduto deve se tornar um ponto crucial para garantir o fornecimento de gás russo para o mercado chinês durante décadas.

Essa movimentação contrasta fortemente com a Europa, onde a instabilidade política tem dificultado grandes projetos de energia, especialmente após a explosão do Nord Stream. No espaço eurasiático, a cooperação energética é vista como um símbolo de estabilidade.

Onde entra a dissuasão nuclear chinesa?

Um dos momentos marcantes do evento foi a exibição do míssil intercontinental DF-5C, que pode carregar até 12 ogivas nucleares. O que isso significa? Que com 20 desses sistemas, seria possível atingir até 240 alvos nos Estados Unidos, uma demonstração clara de poder de retaliação.

Além disso, o desfile mencionou o DF-41, um míssil de combustível sólido, armazenado em silos e associado a numerosos lançadores. Para Scott Ritter, essa exibição foi mais um recado de dissuasão do que um convite ao ataque, alinhada à política da China de não primeiro uso nuclear. O objetivo? Impedir que o Ocidente pense em usar armas nucleares contra a China.

Por que o dólar foi alvo de críticas?

A reunião em Xangai também teve um tom financeiro. Durante o encontro, foi mencionado que “o dólar está morto”, o que sugere uma movimentação em direção a novos mecanismos de comércio. Não se trata ainda de uma moeda única dos BRICS, mas de um sistema de conversão entre as moedas nacionais (como yuan, rublo e rúpia), permitindo que transações ocorram sem depender do sistema dolarizado.

Essa mudança, conforme apontou Garland Nixon, mostra que a multipolaridade não se limita a questões militares e energéticas, mas se estende também ao campo financeiro, o que pode afetar diretamente a hegemonia dos Estados Unidos.

Especialistas afirmam que essa reunião deve ser vista como parte de um processo de longo prazo, onde Rússia e China estão entrelaçando suas estratégias de defesa, energia e finanças. O que se viu em Xangai foram recados que, embora simbólicos, refletem mudanças significativas no equilíbrio de poder global.

A exibição militar e os passos econômicos dados mostram claramente que estamos passando por transformações reais nas relações internacionais. Se os EUA não renovarem tratados de controle de armas, como o New START, poderemos ver o surgimento de uma nova corrida armamentista. A consolidação de acordos energéticos e financeiros reforça a tendência de um mundo multipolar, onde governos e empresas precisarão se ajustar a novas dinâmicas e regras do jogo.

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